Ainda que em ritmo mais lento, as viagens corporativas vem ganhando musculatura na retomada. De acordo com dados do LVC (Levantamento de Viagens Corporativas), desenvolvido pela FecomercioSP e Alagev (Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas), o segmento movimentou R$ 5,7 bilhões em julho. O resultado representa crescimento de 38,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

O faturamento das viagens corporativas chega próximo aos níveis de 2019, mantendo-se apenas 2,6% abaixo do registrado no ano pré-pandemia. A variação de julho é menor que a de junho, quando o faturamento foi 102,4% superior ao registrado em 2019, o que não significa que o setor esteja desacelerando.

Com o decorrer dos meses, o comparativo passa a ser realizado com períodos mais “normais”, ou seja, menos “debilitados” pela pandemia, e isso faz com que as variações fiquem mais modestas.

Julho é, tradicionalmente, um mês considerado fraco para viagens corporativas em decorrência das férias escolares, assim como dezembro e janeiro. Nestes períodos, muitos clientes saem de férias e ficam indisponíveis para visitas de negócios. Além disso, os preços de passagens aéreas e hospedagem se elevam, fazendo com que se torne menos atrativa a realização de eventos.

A análise, excluindo o efeito estatístico, ressalta que existe um crescimento do segmento impulsionado por dois motivos principais: demanda e preço. O primeiro deles está relacionado à recuperação da demanda, com as empresas investindo em eventos e viagens de seus colaboradores pelo país.

E o segundo motivo do crescimento do LVC é por conta do aumento dos preços com as passagens aéreas, tarifas de hotéis, serviços de traslados, espaços de eventos e estrutura. Isso é um indicativo de que as empresas não estão ampliando os investimentos para realizar mais eventos e viagens, porém estão gastando mais para promover boa parte do que era feito no passado recente.

Custos elevados

Os custos mais elevados não são exclusivos do turismo. Essa situação é consequência do processo inflacionário carregado nos últimos dois anos. A pandemia gerou a quebra na cadeia global de suprimentos e impactou nos preços das commodities, de energia, passando por minerais e as agrícolas. Tais fatores impactam diretamente as viagens, como os transportes, meios de hospedagem, estrutura de eventos, etc. A guerra da Ucrânia foi mais um combustível para a pressão sobre os gastos. Desta forma, toda a cadeia econômica está reajustando valores e, naturalmente, há um processo de repasse às empresas.

Outro aspecto destacado no estudo é que há também a tendência de retomada de encontros presenciais. A conexão entre as pessoas tem sido fundamental para as corporações unirem os seus funcionários e entenderem mais detalhadamente a necessidade de consumidores, clientes e empresas, além de estreitarem laços e realizarem network. No entanto, as viagens curtas – o tradicional bate e volta – dificilmente retomará aos mesmos níveis. A escolha criteriosa e eficiente das viagens virou regra entre as organizações.

“Com base nessa análise, mesmo com preços mais elevados, o setor de viagens corporativas se mantém em crescimento em relação ao ano passado e as empresas continuam investindo em eventos e encontros presenciais. Como Alagev, acreditamos que unindo fornecedores e clientes podemos construir ações que colaborem com o desenvolvimento do nosso mercado, gerando ainda mais resultados de sucesso”, comenta Giovana Jannuzzelli, diretora executiva da entidade.

Para Mariana Aldrigui, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, o turismo de negócios segue como um segmento muito relevante para as capitais brasileiras e cidades com grande apelo comercial. “Embora haja um movimento internacional de redução das viagens, como anunciado recentemente por grandes empresas de tecnologia, as dimensões continentais do Brasil farão com que, por aqui, ainda sejam bastante presentes no orçamento das empresas”, destaca.

Para acessar o estudo completo, acesse o link.

(*) Crédito da foto: britozour/Unsplash