De acordo com a última edição do LVC (Levantamento de Viagens Corporativas), divulgado pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) em parceria com a Alagev (Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas), o setor movimentou R$ 8,2 bilhões em junho. O valor é o dobro do registrado no mesmo período do ano passado.

Os dados apontam que, na comparação com junho de 2019, o patamar atual está apenas 3,4% abaixo dos R$ 8,5 bilhões alcançados. O crescimento é atribuído a fatores como o crescimento natural das viagens corporativas no pós-pandemia, sobretudo a partir de março, e aumento dos gastos das empresas diante do processo de inflação.

O estudo também mostra que existe um ambiente aquecido de negócios no país. Por outro lado, este poderia ser ainda melhor se não fosse o momento de elevação de preços. Isso acontece porque os serviços estão mais caros, principalmente as passagens aéreas, cujo valor subiu em média 78% em um ano.

Para o cenário de inflação, existem algumas possíveis análises: as empresas limitando gastos com bilhetes aéreos e passagens, por exemplo, e focando em momentos que possam gerar negócios de fato, com viagens mais assertivas.

Alagev: outros dados

Outra possibilidade é que possivelmente as empresas estejam gastando mais para ter os mesmos eventos e reuniões. E, por fim, que elas estejam alterando o perfil das viagens de executivos e colaboradores e também de seus eventos, com deslocamentos por carro alugado e transporte rodoviário, além de estarem realizando encontros mais próximos do ambiente empresarial, a curta e média distâncias.

O estudo da Alagev mostra que, pelo dado geral de faturamento, o setor parece estar encontrando novo equilíbrio no patamar de R$ 8 bilhões, ou seja, uma espécie de tamanho de mercado. Assim, as variações anuais tendem a arrefecer por conta da base comparativa, visto que cada mês vai se confrontando com um faturamento mais elevado.

“Com base nessa análise, e ao observar o mercado, precisamos nos preparar para uma instabilidade maior por conta das eleições. Porém, ainda acredito que a tendência é de fortalecimento relevante nos próximos meses, mesmo que o custo médio para eventos e viagens corporativas esteja elevado”, comenta Giovana Jannuzzelli, diretora executiva da Alagev.

Mariana Aldrigui, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, ressalta que as viagens corporativas sempre foram o principal motor do turismo tradicional no país, especialmente envolvendo passagens aéreas e hotéis de padrão elevado.

Além disso, as mudanças nas prioridades empresariais podem ter eliminado ao menos 15% das reservas/clientes. “Outro ponto importante é que muitos dos orçamentos de viagens corporativas foram definidos em 2021, e foram impactados pelos efeitos da inflação, o que pode reduzir compras especialmente no final deste ano. Um bom exemplo é a realização de eventos em locais que dispensem o uso intenso de passagens aéreas e que possam ser substituídos por ônibus ou carro”, finaliza.

(*) Crédito da foto: Pexels/Pixabay