Na última edição do Hotel Trends, abordamos o tema Oportunidades e desafios do short-term rental no Brasil, com a participação do Allan Sztokfisz, CEO do Charlie, e William Astolfi, CEO da B.homy. Abaixo, o link para o conteúdo completo do programa em sua plataforma de preferência do Hotelier News:

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E, como de costume, divido um breve artigo com novas análises e insights práticos sobre o tema. Estruturarei meu raciocínio em 3 partes: 1) Short-term rental no mundo; 2) Estágio atual do short-term rental no Brasil; e 3) Oportunidades e desafios do setor no país. Vamos lá!

Short-term rental no mundo | Um mercado gigante, porém pulverizado

Sim, ao olhar para fora, nos deparamos com números gigantes. Alguns dos destaques:
14% do mercado global de acomodação

  • + 140 mil empresas gestoras
  • US$ 82 bilhões de receita anual¹
  • 700 milhões de hóspedes ao ano
  • 28 milhões de propriedades residenciais

Os números por si só sinalizam um setor gigante. No entanto, com algumas exceções, a exemplo do Airbnb e da VRBO, é altamente pulverizado, dominado por empresas pequenas. As 20 maiores empresas gestoras de short-term rental no mundo representam apenas 1,28% da oferta total.

Short-term rental no Brasil | O início de um ciclo de desenvolvimento

Em comparação com o mundo, no Brasil estamos em um estágio embrionário do setor. As nossas empresas são mais jovens, com histórico curto de resultados, e, assim como em praças internacionais, a maioria delas é pequena, com atuação local.

Mas, apesar da concentração de pequenas empresas, também temos modelos de negócio que buscam escala e expressividade nacional. Exemplos desse grupo são o Charlie, a B.homy, a Housi, a Cityhome, a Atlantica, a Xtay, entre outras. E aqui, um enfoque principalmente para destinos urbanos.

E quais oportunidades e desafios espera-se para o negócio?

Para a primeira parte da pergunta, referente às oportunidades, vou me ater a quatro impulsionadores de crescimento do short-term rental que considero entre os principais:

  • Mercado global grande e no Brasil em uma fase mais embrionária;
  • Estímulo, pelas incorporadoras, à oferta residencial com facilidades de locação;
  • Alternativa de uso para o inventário de NR em praças como São Paulo;
  • Além da otimização de uso de uma oferta imobiliária ociosa.

Com relação aos desafios, também indicarei 4 elementos que considero relevantes:

  • Será possível ganhar escala e eficiência operacional em um mercado com gestão pulverizada de apartamentos?
  • Em um país com alta taxas de juro, como oferecer ao investidor final um retorno financeiro compatível com o risco do negócio?
  • Existe potencial para projetos inteiros destinados ao short-term rental, não apenas uma fração dos apartamentos dos edifícios?
  • As soluções operacionais estão adequadas ao modelo de negócio? Há necessidade de novas alternativas?

Em resumo, sim os números do negócio são grandes e chamam a atenção. Mas sim, também não é um negócio simples, como a própria saída de dois players grandes no país sinaliza. Logo, apesar das baixas barreiras de entrada para operar short-term rental, para ser uma empresa de sucesso com atuação nacional crescer com consistência e eficiência operacional é fundamental.

Temos exemplos de grandes gestores de short-term rental no mundo. E para atingir esse patamar de maturidade, é necessário estratégia, investimento e uma proposta de valor sólida.

Pedro Cypriano é especialista em investimentos e estratégia em hospitalidade e turismo. Ao longo dos últimos 19 anos, liderou centenas de projetos junto a consultorias globais, na Europa, no Oriente Médio, na África e na América Latina. Autor do livro Desenvolvimento Hoteleiro no Brasil, pela editora SENAC, e professor em cursos de pós-graduação e programas executivos em hotelaria no Brasil e no exterior.

(*) Crédito da capa: Arquivo pessoal