O início de 2022 foi permeado por incertezas com a explosão de casos da variante Ômicron. Os impactos da alta de contágios ainda em janeiro se perpetuaram ao longo da primeira metade do ano, que acabou ficando aquém do esperado para o Marriott SP Airport. Entretanto, a aceleração no segundo semestre trouxe resultados positivos que geram boas expectativas para 2023.

A alavanca do empreendimento operado pela Hotéis Deville foi, sem dúvidas, o retorno massivo do segmento de grupos e eventos. Em julho, por exemplo, a taxa de conversão de eventos foi de 40,5%. Somado às demandas de hospedagem de trânsito, o hotel conseguiu compensar as lacunas deixadas no primeiro semestre.

“Empresas voltaram a realizar cotações de uma semana para outra. Com o retorno de grupos e eventos, tivemos meses de recorde em ocupação e receita. Com as compensações, terminamos 2022 com resultados positivos e até mesmo além do planejado, superando a base histórica de 2019”, revela Nilton Cambé, gerente geral do Marriott SP Airport.

Traduzindo em números, a ocupação de 2019 acumulada foi de 62% — indicador que subiu para 71% em 2022. Falando de receita, o ano passado superou o período pré-pandemia em 20%, desconsiderando a inflação.

“Levando em conta o nosso tamanho, é uma boa recuperação. Nosso principal trunfo é a diversidade de público, o que nos pressiona para um 2023 ainda melhor. Nossa expectativa é encerrar este ano também com alta de 20% em receita frente a 2022”, prevê o executivo.

Já a diária média teve incremento de pequena margem em relação a 2019. Cambé explica que a chegada da pandemia afetou os nichos de mercado com tarifas mais agressivas — no caso grupos e eventos — o que dificultou a retomada do indicador.

Marriott SP Airport - nilton cambé

Greve teve impacto positivo, diz Cambé

Mix de público

Ainda que o segmento de grupos e eventos tenha sido responsável por cerca de 18% do faturamento anual, no segundo semestre a fatia foi mais expressiva, chegando a 35%. A redução da média para 2022 foi diluída pela baixa demanda na primeira metade do ano, com recuperação expressiva em seguida.

Contudo, nem só de corporativo vive o Marriott SP Airport. Por se tratar de um hotel de aeroporto, o empreendimento absorve demandas de passageiros em conexão longas, principalmente famílias com crianças. “São estadas curtas, de apenas uma noite”, diz Cambé.

O hotel ainda trabalha com tarifas de day use — com possibilidade de uso da estrutura entre 8h e 16h — e o stopover, sem horários de check-in e check-out definidos, mas com validade de 24 horas de estada. “A tarifa stopover não inclui café da manhã, mas oferece um bônus de R$ 50 por quarto para alimentação, o que para nós é positivo, pois muitas vezes esse valor retorna em até quatro vezes”, salienta o gerente.

Opção gastronômica em Guarulhos

Não é de hoje que o Marriott SP Airport é uma opção gastronômica conhecida em Guarulhos. Por se tratar de uma região empresarial, o empreendimento recebe clientes de fora, principalmente no café da manhã e almoço, com destaque para a feijoada às quartas-feiras.

Após suspender o serviço de bufê por conta da pandemia, o hotel retomou o formato no primeiro semestre de 2022. Para se aproximar ainda mais das empresas em seu entorno, a propriedade fez acordos e passou a aceitar diferentes tipos de vale-refeição.

“Queremos receber não apenas executivos do alto escalão, mas clientes de diferentes níveis. Conversamos com o RH (Recursos Humanos) dessas empresas, o que foi uma boa oportunidade para captar grupos de funcionários. E a resposta veio”, comemora Cambé.

O gerente também explica que o departamento de gastronomia foi um dos mais afetados pela Covid-19 em decorrência dos eventos. Em 2022, a área ainda não atingiu os patamares de 2019, mas as projeções são altas para 2023 por conta das iniciativas focadas na região primária do hotel.

Recomposição do quadro de funcionários

O ano passado também foi marcado pela recontratação de funcionários. Após a debandada de profissionais do setor, o Marriott SP Airport renovou sua equipe e investiu pesado em treinamentos e capacitações.

Cambé conta que grande parte do time atual mora em Guarulhos, o que gerou satisfação e maior qualidade de vida aos colaboradores. “Muitos trabalhavam em São Paulo e tinham dificuldades de deslocamento”, pontua. “Nosso maior desafio foi inserir as pessoas em nossos valores e cultura, o que exigiu muito do RH”, acrescenta.

E o trabalho deu certo. O hotel chegou a ocupar a primeira posição no quesito “Intenção de Recomendar” na pesquisa de satisfação dos hóspedes entre os 31 hotéis Marriott da América Latina e Caribe em outubro de 2022.

Greve e sazonalidade

Iniciada em dezembro, a greve dos aeroviários impactou positivamente o empreendimento. Ainda que o Aeroporto de Guarulhos tenha sido pouco afetado, cancelamentos e realocações de passageiros resultaram em reservas de última hora.

“Muitos foram realocados para Guarulhos e precisavam pernoitar. Além dos passageiros, também hospedamos tripulações de companhias aéreas”, revela o gerente geral.

Janeiro é, historicamente, um período de baixa para grupos e eventos. Com o retorno à sazonalidade em 2023, o Marriott SP Airport busca compensar a queda na demanda com outros segmentos. Entretanto, Cambé afirma que o primeiro mês do ano já está com 80% de ocupação. “Não estamos observando queda como nos anos anteriores, mas a manutenção dos números dos últimos meses”, diz o executivo.

A aceleração no segundo semestre de 2022 e as boas perspectivas para o início de 2023 são motivos de otimismo. O gerente prevê um ano de grande movimentação e planejamento agressivo para lidar com imprevistos. “O corporativo está de volta, mas talvez não na mesma intensidade. Vamos trabalhar para alcançar as metas, atuando com diária média para compensar as baixas”.

(*) Crédito das fotos: Nayara Matteis/Hotelier News