Na próxima segunda-feira (19), pilotos e comissários que atuam nas principais companhias aéreas do país entrarão oficialmente em greve. A decisão da paralisação foi tomada em assembleia geral da categoria realizada ontem (15), segundo informou o SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas).

A paralisação, por enquanto, será por tempo indeterminado. De acordo com o SNA, a greve ocorrerá das 6h às 8h, nos aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Fortaleza, de acordo com informações da Agência Brasil. Ou seja, se prepare, hoteleiro, pois os clientes não vão chegar de bom humor.

A medida deve gerar contratempos das operações de fim de ano, com possíveis atrasos e cancelamentos de voos. Vale lembrar que, em 2021, a crise no Grupo Itapemirim causou uma série de tribulações em dezembro, prejudicando milhares de passageiros nas festividades de fim de ano.

De acordo com a categoria, a greve é resultado da “frustração das negociações da renovação da Convenção Coletiva de Trabalho”. O acordo está em discussão entre os sindicatos dos trabalhadores do setor e das aéreas. A greve não atingirá voos com órgãos para transplante, vacinas ou pacientes em atendimento médico, assegurou o SNA.

Os aeronautas pedem a recomposição das perdas inflacionárias, além de ganho real dos salários e benefícios. O sindicato da categoria alega que os altos preços das passagens aéreas têm gerado crescentes lucros para as empresas. De janeiro a outubro deste ano, por exemplo, o preço médio das passagens subiu 35%, segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Os profissionais também reivindicam melhorias nas condições de trabalho para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho, como a definição dos horários de início de folgas e proibição de alterações nas mesmas, além do cumprimento dos limites já existentes do tempo em solo entre etapas de voos.

Nota do SNA

Abaixo, você confere a nota do SNA na íntegra sobre as negociações sindicais do setor aéreo.

“O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) vem a público esclarecer as questões acerca do movimento de greve anunciado pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).

Primeiramente, o SNEA destaca que as negociações recentes buscam assegurar a continuidade da prestação dos serviços essenciais de transporte aéreo para a população e o direito dos clientes de viajar, especialmente neste período de alta temporada.

Cabe esclarecer que o preço das passagens foi fortemente afetado nos últimos anos por conta de pandemia, conflitos na Europa, desvalorização do real frente ao dólar e aumento do preço do petróleo. O querosene de aviação (QAV) aumentou 118% na comparação com o ano de 2019 e hoje representa mais de 50% dos custos, que por sua vez têm uma parcela de cerca de 60% dolarizada.

Desde a primeira reunião de negociação, o SNEA assegurou todos os direitos da Convenção Coletiva e ao longo do processo negocial, se mostrou aberto ao diálogo sempre com respeito aos profissionais que fazem parte do setor aéreo.

A última proposta do SNEA, que foi reprovada em assembleia, propunha reajuste de 100% do INPC no salário, diárias nacionais, seguro de vida e vale alimentação, além de garantir a data base 01/12 e todas as cláusulas financeiras e sociais da Convenção Coletiva enquanto as negociações estivessem em curso. Até o momento, o SNEA não recebeu nenhuma contraproposta do SNA.

O SNEA acredita que as categorias profissionais podem defender seus interesses por todos os meios legítimos, desde que esgotada a via negocial e observada a legalidade. “

(*) Crédito da foto: Nayara Matteis/Hotelier News