Dando continuidade a programação do Lacte 16, Tricia Neves, sócia-diretora da Mapie encabeçou o painel A Transformação da Gestão de Viagens: aprendizado de um ano insano para viagens corporativas. Acompanhada por três gestores, a moderadora trouxe ao evento temas como o novo papel da função e o futuro do setor unindo lazer e trabalho.

Diante de tantas incertezas que a pandemia escancarou ao mercado, gestores de viagens se uniram para pautar suas principais dores e necessidades. Para organizar as demandas do cargo, um grupo foi formado, com a participação de Marcel Frigeira, da IBM; Carolina Ferreira, do Grupo ArcelorMittal Brasil, e Andrea Matos, do Ebanks, presentes no Lacte 16.

“A pandemia mexeu totalmente com a nossa zona de conforto e do que vinha dando certo. Surgiram uma série de inquietudes de ordem pessoal e profissional. Reunimos gestores de viagens e notamos muitas coisas em comum e uma das associadas externou isso, sobre como a função iria acontecer”, explica Frigeira.

Entre os muitos desafios, se manter atualizado e atuante está entre os principais. Além de outros questionamentos operacionais e estratégicos, como fazer mais com menos pessoas. “É um sentimento que todas as indústrias estão se transformando e nós, não. Então, por que não puxamos essa transformação?”, questiona Tricia.

Para Andrea, em um setor de muitas camadas, o protagonismo vê ainda mais dificuldades. “Temos a dependência de muitos players conectados e, de modo geral, estamos acostumados a trabalhar dessa maneira. Estamos discutindo como ser protagonistas e sair dessa dependência do mercado”.

Lacte 16: bleisure como tendência

Outro ponto levantado foi a falta de soluções para o mercado e o excesso de fornecedores que não estão conseguindo atender às demandas atuais. “Recebemos fornecedores que prometem soluções, mas na verdade, estão concentrados apenas no padrão. A compra é só o início, temos alguns problemas como emissões de bilhetes não voados, que é o nosso calcanhar de Aquiles, por exemplo”, contextualiza Carolina.

Entretanto, os gestores não estão à espera de um milagre. Andrea salienta que a categoria quer encontrar alternativas junto aos parceiros e construir saídas alinhadas às necessidades. “Não queremos levar nossos problemas ao mercado, mas sim ajudar. Falta maturidade dos dois lados. Perde-se muito tempo para chegar a uma solução pronta, enquanto talvez pequenas entregas trouxessem um resultado melhor”.

Sobre o futuro do setor, com a mudança de comportamento do viajante e a transformação dos modelos de trabalho, os gestores apostam na expansão do bleisure como principal tendência de viagens pós-pandemia. “Queremos dar mais autonomia, mas ao mesmo tempo controlar tudo: gastos, horários, despesas. Com o trabalho remoto, as chamadas viagens sem rótulo, que são a trabalho, mas com a família, vão dar uma sacudida”, prevê a sócia da Mapie.

Com tantas mudanças, será que as políticas de viagens das empresas estão prontas para esse novo momento? Para Andrea, o bleisure veio para ficar. “É um reflexo da conectividade e precisamos nos voltar para políticas e programas. As pessoas estão trabalhando de qualquer lugar e temos que normatizar isso”.

Além das viagens sem rótulo, unir trabalho e experiências farão parte do futuro. Pelo menos, é o que o gestor da IBM acredita. “Viagens corporativas nem sempre são satisfatórias. Quando falamos em melhorar a experiência, tem que ser algo corporativo, para fazer negócios e bater metas. Ao mesmo tempo, o viajante pode aproveitar seu tempo, viver a cultura local. A viagem do futuro terá dois lados, já que vimos como viajar é um diferencial e o quanto faz falta. Com a pandemia acabar, esse será um assunto ainda mais em pauta”.

(*) Crédito da foto: reprodução da internet