De acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,16% em março. O maior impacto do mês veio do grupo Alimentação e Bebidas, com alta de 0,53% e peso de 0,11% no índice geral. Apesar do avanço, o resultado final do período representa desaceleração frente a fevereiro, mês em que o indicador havia fechado com incremento de 0,83%, aponta o G1.

Na comparação com março de 2023, também houve desaceleração, visto que naquele período o IPCA registrou alta de 0,71%. É a menor variação desde março de 2020 (0,07%). Com isso, o Brasil tem inflação acumulada de 3,93% em 12 meses. No acumulado do ano, a alta é de 1,42%. O resultado de março veio abaixo das projeções do mercado financeiro, que esperava aumento de 0,25% nos preços. No acumulado, era esperado incremento de 4,01%.

Entre os nove principais grupos do IPCA, seis apresentaram alta em março. Além dos alimentos, também houve aumento relevante em Saúde e Cuidados Pessoais, subindo 0,43% no mês, representando 0,06% do índice. No mês passado, também saíram da conta os reajustes anuais do grupo Educação, que trazem impacto de avanço recorrente em fevereiro. Em março, o crescimento foi de 0,14%.

Habitação (0,19%), Vestuário (0,03%) e Despesas Pessoais (0,33%) também estão entre os grupos que contribuíram com a alta da inflação em março. Na contramão, Artigos de Residência (-0,04%), Transportes (-0,33%) e Comunicação (-0,13%) recuaram no período.

Inflação acumulada em 12 meses

Para André Almeida, gerente da pesquisa do IBGE, os preços dos alimentos ainda são os protagonistas do IPCA por conta de fatores sazonais, somados à influência do fenômeno El Niño. Em meses de calor e chuva, a safra de alimentos in natura sofre impacto e reduz a oferta de determinados produtos.

“Precisamos aguardar quando esses efeitos deixarão de ser sentidos. Historicamente, vemos a inflação de alimentos se reduzindo, mas não podemos dizer como vão se comportar nos próximos meses porque não sabemos quanto os efeitos do El Niño prejudicou as safras”, diz.

O pesquisador também aponta outros dois fatores que auxiliaram a desaceleração da inflação em março, ambos vindos do grupo Transportes: alta menor dos preços de gasolina e deflação das passagens aéreas. No mesmo intervalo, a gasolina saiu de 2,93% para 0,21%. O combustível ainda acumula ganho de 4,30% em 12 meses.

No subgrupo, os combustíveis tiveram alta de 0,17%. O etanol também subiu (0,55%), enquanto o gás veicular (-2,21%) e óleo diesel (-0,73%) tiveram deflação. Por fim, o recuo nos preços das passagens aéreas foi de 9,14%. Passados os meses de férias, há uma diminuição natural da demanda pelos bilhetes. Houve também uma redução de custos, por meio do barateamento do querosene de aviação. Agora, são três quedas consecutivas do subitem, mas em 12 meses ainda há alta de 18%.

Resultado abaixo do esperado

Para o mercado financeiro, a inflação veio consideravelmente abaixo da projeção, mas ainda não afasta a preocupação com a inflação de serviços. Os serviços subjacentes, núcleo focado em serviços e que exclui itens mais voláteis, teve alta levemente mais forte que o mês anterior, de 0,44% para 0,45%.

“O ponto de preocupação continua sendo os serviços subjacentes, que, ao se manterem praticamente estáveis, continuam em um patamar incompatível com as metas de inflação – e deverão continuar justificando a cautela do Banco Central”, diz Helena Veronese, economista-chefe da B. Side.

A meta central de inflação é de 3% neste ano, e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,5% e 4,5%. Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em março, o comitê alterou o trecho presente em comunicados anteriores que indicava novos cortes da Selic nos próximos encontros, o que indica cautela no ritmo de redução da taxa básica de juros.

“Em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião”, disse o comunicado.

O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), usado como referência para reajustes do salário mínimo, teve alta de 0,19% em março. Em fevereiro, o incremento foi de 0,81%. Assim, o índice acumula avanço de 1,58% no ano e 3,40% nos últimos 12 meses. Em março de 2023, a taxa foi de 0,64%.

(*) Crédito da foto: Pixabay