O balanço do IHG (InterContinental Hotel Group), assim de como de outras grandes operadoras, não deixa dúvida: 2022 consolidou a recuperação da indústria hoteleira. A questão que fica agora é se o ambiente de negócios à frente seguirá fértil, mas David Rios se diz otimista, a despeito dos desafios macroeconômicos globais (e no Brasil) para 2023.

“Segmento que era cercado de incertezas no início da pandemia, o Mice está indo muito bem no Brasil, o que nos deixa motivados. Frente a 2019, por exemplo, já vemos um movimento próximo a 80% do que era”, afirma o vice-presidente regional de Marketing, Comercial e de RM (Revenue Management) do IHG.

“Já o corporativo segue sua reação, atingindo cerca de 60% do movimento pré-pandemia. O sinal positivo é que, nos últimos três meses, já identificamos um volume de vendas acima de 2019 no país”, completa o executivo, que recebeu a reportagem do Hotelier News para um bate-papo semana passada, no InterContinental São Paulo.

Para acelerar ainda mais o corporativo em 2023, Rios aposta numa retomada mais acentuada das viagens de negócios internacionais. Seu otimismo se sustenta no impulso que virá do mercado asiático, em especial chinês, que atualmente está praticamente parado em função da política de tolerância zero com a Covid-19 do governo Xi Jinping.

“Apesar das incertezas na economia internacional, temos tido conversas com corporações de diferentes indústrias e escutando delas perspectivas otimistas sobre 2023. Então, se é um bom para essas empresas, será também para a hotelaria”, diz Rios. “As viagens de negócios internacionais oriundas do mercado asiático ainda não voltaram e, quando isso acontecer, vai fazer disparar o segmento”, aposta.

Na outra ponta, do lazer, o executivo acredita que a chamada “viagem da vingança” ainda manterá o segmento aquecido ao longo do ano. “O lazer nos trouxe até aqui, puxou a demanda hoteleira no mundo todo, e vai continuar aquecida no ano que vem. Já em relação ao segmento de eventos, temos muitas cotações para 2023 e até mesmo para 2024”, informa Rios.

Orçamento

Um dos destaques do balanço do IHG no terceiro trimestre foi a alta do RevPar global, e também da região das Américas. Questionado se o desempenho dos 19 hotéis brasileiros seguiu o mesmo ritmo, Rios confirma que sim. “Mercado brasileiro está se comportando bem similar ao resto das Américas, com uma combinação de ocupação forte e diária média em expansão frente a 2019”, explica.

Para Rios, essa tendência deve seguir para 2023. Na visão dele, o Brasil tem uma grande oportunidade de crescimento nas tarifas. “Se você analisar, a aviação e as locadoras de automóveis subiram bem os preços, que foram aceitos pelos consumidores. A hotelaria também, mas vejo espaço para mais crescimento, até porque apostamos que a demanda estará aquecida. É hora de ter coragem”, destaca.

Diante de todos esses sinais otimistas, o vice-presidente do IHG diz que não tinha como confeccionar um orçamento conservador para 2023. “Temos confiança e coragem de que vai ser um bom 2023. Na nossa visão, as condições do mercado ainda estarão favoráveis, com oportunidade de elevação da ocupação e da diária média”, comenta Rios. “Então, posso dizer até que fizemos um orçamento agressivo. Ainda assim, temos consciência de que não será fácil, mas estamos preparados para isso. Até porque nossa concorrência também vai fazer o mesmo”, finaliza.

(*) Crédito da foto: Vinicius Medeiros/Hotelier News