Em fevereiro, otimista com o ano que recém-iniciava, Sébastien Bazin disse que “2022 seria o ano da Accor”. Na ocasião, o CEO global da operadora francesa divulgava os resultados consolidados de 2021, ainda bastante afetados pelos efeitos da pandemia e bem abaixo dos patamares de 2019. Hoje (26), ao apresentar o balanço do terceiro trimestre, a principal liderança da rede francesa devia estar feliz em notar que sua previsão está se confirmando. A receita, por exemplo, já superou a obtida em igual período de 2019, puxada pelo crescimento da diária média global e com destaque para o desempenho do Brasil, citado no comunicado divulgado à imprensa e investidores.

Depois de um primeiro semestre positivo, a Accor encerrou o terceiro trimestre com receita de € 1,14 bilhão, alta de 83% na comparação anual e de 9% frente a igual período de 2019. A área de Hotel Services, que inclui as taxas de contratos de gestão e de franquias, foi responsável por um faturamento de € 874 milhões, aumento de 84% e de 9% em relação ao terceiro trimestre de 2021 e de 2019, respectivamente.

Já o RevPar global da rede francesa fechou o trimestre a € 72, 13% acima do terceiro trimestre de 2019 e puxado pela alta de 23% da diária média (a € 107,90) na mesma base de comparação. Nas Américas, esses mesmos indicadores avançaram 12% (a € 89,30) e 16% (a € 142,60), respectivamente.

Análise

Accor - Sébastien_Bazin

Bazin: alta do RevPar puxada pela diária média

Na avaliação de Bazin, a melhora acentuada nos negócios, observada desde o início do ano, foi confirmada no terceiro trimestre de 2022. Pelo segundo trimestre consecutivo, o RevPar global ultrapassou o patamar de 2019. Ele ainda destaca que a demanda de viajantes de lazer nacionais e internacionais foi forte durante o verão europeu, levando a um aumento significativo nos preços. Em paralelo, setembro se beneficiou da maior procura dos turistas de negócios, em especial de grupos e de feiras.

“O movimento no mercado permaneceu muito forte no último trimestre, com o RevPar do grupo e a receita bem acima dos níveis de 2019. Excluindo a Ásia-Pacífico, onde a recuperação está agora ganhando tração, todas as regiões tiveram crescimento em relação a 2019”, observa Bazin.

“Essa forte performance, juntamente com rigorosa disciplina operacional e financeira, deixa-nos confiantes em nossa capacidade de atingir a meta orçada de Ebitda na faixa de € 610 milhões a € 640 milhões ao fim de 2022”, completa o CEO da Accor.

Brasil em destaque

No balanço, chamam atenção as altas de 30,4% (a € 26,20) e de 24,4% (a € 54,70) no RevPar dos hotéis econômicos e midscale das Américas frente a igual período de 2019. Os resultados são excelentes indicativos da performance das unidades localizadas no Brasil, visto que o mercado brasileiro deve concentrar parte expressiva desse portfólio.

Melhor ainda, a alta no RevPar dos hotéis econômicos e midscale da região foi puxada por elevações de 26% (a € 43,10) e 24,7% (a € 86,10), respectivamente, da diária média. Diante da pressão inflacionária vivida pelas empresas do país no período, trata-se de uma correção necessária, muito embora não seja possível afirmar categoricamente que essa tarifa média reflita exatamente a realidade do mercado brasileiro. Vale destacar ainda que o IPCA acumulou em 12 meses – encerrados nos meses de julho, agosto e setembro – crescimento com ou próximo de dois dígitos.

Em relação ao desenvolvimento hoteleiro, a Accor abriu 93 hotéis (15,3 mil quartos) globalmente no terceiro trimestre. Ao final de setembro, por exemplo, a rede francesa contava com um portfólio de 5.357 propriedades (789.152 apartamentos), além de outros 1.218 unidades (212 mil UHs) no pipeline.

Para 2022 como um todo, a operadora está otimista em atingir sua previsão de crescimento da base de empreendimentos em torno de 3,5% frente aos 12 meses anteriores.

(*) Crédito da capa: Reprodução/Costar

(**) Crédito da foto: Divulgação/Accor