No pós-pandemia, muitas mudanças foram sentidas na cadeia do turismo como um todo. E as viagens corporativas não foram exceção: hoteleiros de todo o mundo dizem que o segmento mudou definitivamente. Hoje, essas viagens se misturam cada vez mais com as de lazer, reforçando a tendência do bleisure, pois o trabalho remoto e híbrido permite estadas prolongadas em hotéis, aponta o Costar.

Jerry Cataldo, presidente e CEO do Hostmark Hospitality Group, afirma que quando as viagens corporativas começaram a voltar, os padrões dessas viagens diferiram do período pré-pandemia. Isso porque algumas vertentes do trabalho remoto permaneceram no formato híbrido.

Além disso, funcionários com opções híbridas normalmente escolhem segunda e sexta-feira como dias remotos, deixando os demais dias da semana como principais dias úteis. “Houve uma mudança no comportamento corporativo porque as pessoas entram, fazem negócios, jantam e assim por diante. Elas precisam estar lá quando as pessoas estão no escritório”, diz Cataldo.

Mudanças

Cataldo destaca que desde abril do ano passado, terças e quartas-feiras são os dias da semana mais fortes para a demanda corporativa nos mercados urbanos. “Quase que poderíamos cobrar o que quiséssemos em mercados nessas noites. Meu instinto me diz que é uma mudança permanente. Pode haver alguma alteração aqui ou ali, mas não vai mudar no curto prazo, na minha opinião, nesses mercados”, completa.

As viagens corporativas têm sido mais difíceis nos mercados urbanos para o segmento de long stay, mas os mercados menores têm sido bem-sucedidos, segundo Talene Staab, líder da marca Home2 Suites by Hilton. Já Kevin Green, diretor de Operações da Chartwell Hospitality, disse que as terças e quartas-feiras ultrapassaram as sextas e sábados em algumas de suas propriedades pela primeira vez desde a pandemia.

“Não acho que o cliente de fim de semana será tão forte quanto nos últimos dois anos. Não sei por quanto tempo esse viajante continuará gastando o dinheiro que teve nos últimos dois anos, especialmente se entramos naquela recessão de que todo mundo está falando”, explica.

Na Home2 Suites, a duração média da estada aumentou nos últimos três anos e permanece mais alta do que nos níveis pré-pandêmicos. Embora o tempo médio de permanência seja maior do que em 2019, está começando a desacelerar devido à falta de empreendimentos long stay nas viagens corporativas.

Essas mudanças também afetaram a forma como os desenvolvedores e investidores operam em torno dos parques de escritórios, diz Lee Hunter, diretor de operações da Hunter Hotel Advisors. Segundo ele, ninguém estava interessado em hotéis nessas áreas há um ano, mas agora as oportunidades de conversão são possíveis se os escritórios próximos estiverem começando a encher.

(*) Crédito da capa: Briana Tosour/Unsplash