Ainda que não tenham retomado completamente, as viagens corporativas vêm progredindo contra as previsões mais pessimistas do setor. O último relatório da STR revela que, além da probabilidade dos consumidores de viajar a negócios ter aumentado, o bleisure deve garantir o que falta para alcançar níveis pré-pandemia e impulsionar o desempenho hoteleiro mais à frente. A pesquisa, divulgada pelo Hospitality Net, contou com respostas de mais de 300 viajantes de negócios globais.

Um prova da evolução do setor corporativo é que a ocupação dos hotéis durante os dias de semana vem melhorando consideravelmente. Na baixa temporada do Hemisfério Norte (setembro e outubro), o indicador encontra-se apenas 4% abaixo dos níveis de 2019. Além disso, o relatório da GBTA (Global Business Travel Association) mostrou que o volume das viagens domésticas recuperou 63% dos níveis pré-pandêmicos.

Embora as restrições sanitárias tenham reduzido mundo afora, a pandemia nunca acabou oficialmente. Avaliando a probabilidade dos participantes da pesquisa realizarem viagens a negócios agora e quando a pandemia acabar, o STR descobriu uma melhora no sentimento, mesmo que a propensão ainda esteja em território negativo.

A diferença entre aqueles com maior e menor probabilidade de viajar é de -39% para viagens de negócios hoje e de -27% no pós-pandemia. Os resultados indicam ainda aumento de 10 pontos percentuais referente a situação atual, além de um cenário de estabilidade na visão de longo prazo. O resultado também representa um bom sinal para a retomada do segmento, uma vez que a perspectiva atual está no melhor patamar desde o começo da pandemia.

Tendências

O estudo do STR também avalia quais serão as principais tendências das futuras viagens corporativas. Destaque para as viagens combinadas de negócio e lazer, o chamado bleisure. Segundo o levantamento, dois terços dos entrevistados esperam fazer o mesmo número ou mais de viagens do tipo em comparação a 2019. Em seguida estão os eventos do setor, que superaram os níveis pré-pandemia nas últimas semanas.

A consolidação do home office também está influenciando a necessidade de reuniões de treinamento e formação de equipes, visto que 58% dos participantes esperando fazer a mesma quantidade ou mais vezes frente a 2019.

Com a desaceleração econômica iminente, o orçamento das viagens corporativas vem minguando. Com isso, há uma redução de viagens individuais, com clientes, colegas e visitas às sedes, enquanto que há aumento na expectativa por viagens em grupo. As reuniões individuais com fornecedores estão em baixa, considerando a adaptação dos trabalhadores e o uso da tecnologia de vídeo como alternativa.

Flexibilização

O estudo também avaliou o impacto das políticas flexíveis de trabalho em comparação a 2019. Cerca de 46% dos participantes afirmaram ter mais flexibilidade agora e apenas 7% disseram o contrário. Entre os que responderam positivamente à avaliação anterior, 33% concordou que processos mais ágeis e flexíveis influenciam na realização de mais viagens, enquanto que 40% discordaram.

A conclusão é que o aumento da flexibilidade do local de trabalho não garante melhor desempenho do setor de viagens corporativas. Ainda assim, o hoteleiro deve continuar esforços para atender ao terço que espera viajar mais, investindo em internet de qualidade, espaços de trabalho e outras facilidades para este público.

(*) Crédito da foto: Briana Tosour/Unsplash