Na manhã de hoje (19), pilotos e comissários que atuam nas principais companhias aéreas do Brasil entraram oficialmente em greve. A decisão pela paralisação foi tomada em assembleia geral da categoria, realizada no último dia 15, segundo o SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas). Com isso, foram registrados atrasos nas decolagens programadas entre 6h e 8h, horário em que ocorreu a interrupção das atividades, nos aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Viracopos (SP), Galeão e Santos Dumont (RJ), Porto Alegre, Confins (MG), Brasília e Fortaleza.

A greve acontece após falhas nas negociações entre a categoria e as companhias aéreas por reajuste salarial e mudanças nos regimes de descanso. Os aeroviários rejeitaram uma proposta apresentada pelo SNEA (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) no dia 17, após negociação intermediada pelo ministro Aloysio Corrêa de Veiga, vice-presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho). A proposta prevê reajuste dos salários, vale-refeição, vale-alimentação e demais benefícios em 5,97%. Com a negativa, os atrasos nos voos foram mantidos.

Até o momento, 21 voos foram cancelados e dezenas registraram atrasos devido à greve, segundo as últimas informações das concessionárias dos aeroportos. A Infraero comunicou que somente no Aeroporto Santos Dumont (RJ) foram registrados oito atrasos e 11 cancelamentos, entre partidas e chegadas. No Aeroporto de Congonhas (SP), foram 34 atrasos e oito cancelamentos, também computando partidas e chegadas.

Em Brasília, dois voos foram cancelados. Também foram registrados atrasos em 11 decolagens da capital federal e outros 14 voos que estavam previstos para pousar na cidade. Os voos que foram cancelados partiriam de Salvador e Fortaleza, segundo publicado na CNN.

A greve também afetou voos em Santa Catarina. Até as 11h, pelo menos dois aviões que pousariam em Florianópolis vindos de São Paulo estavam com embarque atrasado para seguir da capital para outras conexões, aponta o G1.

Henrique Hacklaender, diretor presidente do SNA, se pronunciou sobre a situação. “Nossas reivindicações são bem básicas. Há um caráter financeiro, pois a categoria já não tem uma recomposição inflacionária nem qualquer tipo de ganho real há pelo menos três anos. E um caráter social, pois tentamos garantir minimamente que as empresas respeitem as folgas e repousos dos tripulantes”, pontua em entrevista ao Estadão.

Posicionamento

Em nota divulgada ontem (18), o SNEA informou que foi proferida nova decisão do TST, determinando que seja mantido o efetivo de 90% dos profissionais em serviço (operando os aviões) durante o período da greve e que os atrasos decorrentes da paralisação sejam informados à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) pelo SNA.

O TST determinou ainda que não serão tolerados descumprimentos da decisão judicial. A entidade advertiu a categoria sobre a possibilidade de responsabilização civil e criminal por atos praticados ao longo da greve. A multa pelo descumprimento da determinação é de R$ 200 mil por dia.

(*) Crédito da foto: Nayara Matteis/Hotelier News