O faturamento do e-commerce nos primeiros 15 dias de novembro, período conhecido como “esquenta” Black Friday, teve queda de 6,7% em relação ao mesmo período de 2022, caindo para R$ 6,92 bilhões, aponta pesquisa da Neotrust.

O levantamento contra com 2,5 mil empresas do varejo eletrônico e considera todos os meios de pagamento, além de avaliar cerca de 1,5 milhão de pedidos por dia. O estudo da Neotrust sobre a Black Friday também destaca que, nos primeiros 15 dias de novembro, foram realizados 16,4 milhões de pedidos, o que indica redução de 13,5% em comparação ao mesmo período de 2022 quando foram feitos 19 milhões de pedidos, revela o Infomoney.

A edição da Black Friday deste ano enfrenta desafios. Se de um lado é o primeiro ano sem pandemia, eleições ou Copa do Mundo, como nas últimas três edições, do outro é um ano com alto nível de endividamento das famílias, de quase 77%, restrição ao crédito e uma seca histórica na região Norte, que deve impactar a logística das varejistas durante a data e o fim do ano.

Expectativas

Sob este cenário, a expectativa é de um patamar de vendas mais conservador, segundo especialistas. Até o volume de fraudes deve cair, diante da menor quantidade de pedidos.

“Já estávamos prevendo uma queda neste balanço parcial. Nos quatro primeiros dias de novembro, a redução era ainda maior: 20% de baixa em pedidos e 15% em faturamento. Então, já prevíamos que a curva seria mais equilibrada, mas ainda em queda para o período pré-Black Friday”, explica Luis Cambraia, líder de Vendas da Neotrust.

Apesar da queda parcial, a expectativa da empresa é de que a Black Friday si tenha aumento de 12% no faturamento, para R$ 7,99 bilhões, na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o desempenho foi abaixo das expectativas. Além disso, o ticket médio das compras teve ligeiro aumento, de 8%, para R$ 4,21, também nos 15 primeiros dias deste mês. Em 2022, quando o faturamento do comércio eletrônico atingiu cerca de R$ 7,42 bilhões, o ticket médio na primeira quinzena de novembro foi de R$ 390.

“O aumento do ticket médio vem crescendo desde o terceiro mês deste ano. Para as categorias em alta, como telefonia, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, é esperado que as pessoas aproveitem os descontos para fazer upgrades e adquirir modelos de produtos mais caros que a intenção original”, afirma Cambraia.

Seca no Norte pode impactar resultados

Embora as projeções para a Black Friday sejam de melhora, há variáveis que podem impactar os resultados. A principal delas destacada por Cambraia é a seca na região Norte, que vem afetando o esquema logístico dos varejistas.

“A crise no transporte, por conta da seca na região Norte, é um ponto de atenção. Realmente não estão chegando alguns produtos em São Paulo, por exemplo, e isso pode sim afetar o resultado da Black Friday. Com uma oferta menor que a demanda, o varejo vai colocar margem”, diz o executivo.

Ou seja, há risco de aumento de preços ou descontos menores para essa edição. O estudo da Neotrust observa que descontos nos primeiros 15 dias de novembro existem, mas sua disponibilidade varia de acordo com a categoria.

Do total de pedidos analisados, 34,4% apresentam descontos em relação aos preços de setembro de 2023, enquanto 24,2% tiveram aumento. Aqui foi comparado todo o mês de setembro, com os primeiros 15 dias de novembro.

“Comparamos os preços médios de produtos em setembro de 2023 com os dos primeiros 15 dias de novembro de 2023. A categoria telefonia destaca-se, com 46,9% dos produtos com preços reduzidos, seguida pela categoria Móveis, com 44,6%. Por outro lado, a categoria Ar e Ventilação notou um aumento nos preços de 64% dos produtos”, finaliza Cambraia.

(*) Crédito da foto: CardMap.nl/Unsplash