É difícil ficar por dentro de todas as pesquisas, relatórios e boletins sobre o setor, não é, hoteleiro? Tendências tecnológicas, comportamento do viajante, preferências dos hóspedes, crescimento (desacelerado?) do mercado, viagens domésticas versus viagens internacionais… São muitas estatísticas para levar em consideração na hora de tomar decisões. Pensando nisso, a EHL, renomada escola de hotelaria, compilou os principais dados disponíveis para te guiar em 2024.

No cenário geral atual, a indústria de viagens está preparada para um retorno absoluto em 2024, trazendo um raio de esperança para os hoteleiros que aguardam ansiosamente por sinais positivos. A demanda por quartos está prestes a atingir uma alta histórica esse ano, de acordo com a STR, via CoStar. A ocupação hoteleira aumentará 2,5%, globalmente, e a taxa diária média dos hotéis deverá crescer 4,9% nos próximos 12 meses, aponta o Siteminder.

O setor global de hospitalidade experimentou um crescimento de cerca de US$ 4,39 bilhões em 2022 para cerca de US$ 4,69 bilhões em 2023, o que representa uma taxa de incremento anual de 7%. Essa expansão significativa é um testemunho da resiliência e capacidade da indústria de se recuperar dos desafios enfrentados nos últimos anos, revela o Hospitality Global Market Report 2023.

Já o crescimento projetado do mercado global está previsto para chegar à marca de cerca de US$ 5,81 bilhões até 2027, o que representaria taxa de crescimento anual composta de 5,5%, afirma o Hospitality Global Market Report 2022.

Tendências de crescimento em setores específicos

O mercado de bleisure — viagens de negócios estendidas para fins de lazer — continua a crescer. Estima-se que o segmento tenha chegado a quase US$ 594,51 bilhões em 2023, e a projeção é o nicho alcance US$ 731,4 bilhões até 2032, com uma taxa de crescimento anual composta de 8,9% de 2023 a 2032, diz o Future Market Insights. Já o setor global de saúde e bem-estar tem estimativas de chegar a US$ 7 trilhões até 2025, de acordo com o Statista.

Assim como diferentes áreas têm diferentes taxas de crescimento, cada player da indústria foi impactado de forma única. O valor de mercado do Airbnb, por exemplo, atingiu US$ 92,11 bilhões em 2023, representando um aumento significativo em relação aos US$ 54,13 bilhões do ano anterior. Apesar disso, houve uma queda em relação à sua avaliação máxima em 2021, ultrapassando a impressionante marca de US$ 100 bilhões, aponta o Statista.

O Airbnb detém uma participação de mercado de mais de 20% na indústria de short-term rental, mas parece estar diminuindo devido ao aumento nos preços de aluguel e à esmagadora gama de opções de propriedades, diz o HelpLama. Já a Booking.com é a marca mais valiosa de viagens e turismo do mundo, com uma capitalização de mercado de US$ 9 bilhões, diz o Companies Market Cap.

Em 2023, a Hilton se tornou a marca de hotel mais valiosa do mundo, com um valor de marca de US$ 11,7 bilhões, embora o grupo Wyndam tenha o maior número de propriedades, revela o Brand Directory. De acordo com o Statista, estima-se que mais 2,7 mil hotéis abrirão suas portas globalmente em 2024.

O volume de mercado projetado deve atingir a marca de US$ 1.06 bilhões até 2028, com a receita esperada para exibir uma constante taxa de crescimento anual de 4,42%, diz o Statista. A plataforma enfatiza também que, até 2028, as vendas online devem representar uma fatia de 76% da receita total no mercado de viagens.

O gasto global com turismo está projetado para atingir US$ 2 trilhões, superando recordes anteriores impulsionados pela forte demanda por viagens de lazer, segundo o Euromonitor International.

À medida que os funcionários buscam um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, o ressurgimento das viagens de negócios torna-se uma questão mais complexa. Em linha com essa mudança, espera-se o bleisure tenha um impacto significativo, com previsões indicando que chegará a impressionantes US$ 300 bilhões até 2024.

Levantamento foi realizado pela EHL

Empregabilidade no setor

Não é preciso dizer que, à medida que as viagens diminuíram durante a pandemia, também diminuíram os empregos na indústria da hospitalidade. Embora as restrições de viagem sejam coisa do passado, o mercado de trabalho na hospitalidade tem se recuperado lentamente e ainda está ganhando fôlego. Muitos dos trabalhadores demitidos em 2020 encontraram ocupações mais confiáveis, com melhores benefícios e horários mais flexíveis em outros setores.

Assim como aconteceu com outros segmentos e indústrias, o setor de viagens e turismo enfrentou uma escassez de mão de obra nos últimos anos, mas isso continuará a ser um problema? Bom, aí nota-se a importância da retenção de profissionais qualificados. Os hotéis enfrentarão dificuldades com a falta de pessoal até 2025, quando espera-se que a indústria, de fato, se recupere, segundo o STR and Tourism Economics. Outro dado interessante enfatizado pela EHL é que apenas 28% dos trabalhadores da hospitalidade atuam em período integral, de acordo com o Labour Market Insights.

Viagens domésticas vs. internacionais

As estatísticas abaixo ajudam a entender melhor o “novo viajante”, que provavelmente está planejando duas viagens domésticas e duas internacionais em 2024.

As viagens internacionais se recuperaram pós-pandemia, no entanto, olhando para frente em 2024, fica claro que, enquanto o sentimento do consumidor favorece muito férias em outro país, as viagens domésticas são muito mais amigáveis ao orçamento, aponta o Travel + Leisure.

As viagens de negócios globais se recuperarão totalmente até 2024. Estima-se que aumentem em 14% em 2022, com os EUA e a China registrando o maior crescimento (30% cada).

A ampla adoção da internet como fonte de informação, a facilidade de mobilidade e o aumento da conscientização sobre novos destinos trouxeram mudanças significativas na forma como os consumidores viajam.

Os números globais de voos ainda estavam abaixo dos níveis pré-pandêmicos no final de 2023. De acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo, as companhias aéreas globais estimam que aproximadamente 4,35 bilhões de indivíduos voaram em 2023, uma ligeira queda em relação aos 4,54 bilhões de passageiros em 2019.

Na indústria aérea global, esperava-se que 2023 trouxesse lucros líquidos de US$ 9,8 bilhões, embora venham com uma margem de lucro líquido muito pequena, de 1,2%, aponta o Mint. O transporte ferroviário está pronto para experimentar um crescimento exponencial em 2024, emergindo como a categoria de viagem de aquecimento mais rápido em todo o mundo, com uma impressionante taxa de alta de 35,6% ao longo de 2023-2024, sinaliza o Euromonitor International.

De acordo com alguns especialistas, as viagens de ida e volta no mesmo dia para reuniões deixarão de ser populares, já que mais pessoas preferem experiências bleisure de vários dias, diz um estudo da SAP Concur de Viajantes de Negócios Globais.

Estatísticas demográficas: quem está viajando em 2024?

Diferentes segmentos desempenham diferentes papéis na indústria de viagens e turismo. Para ajustar sua estratégia digital, é preciso conhecer bem o mercado-alvo e entender o que eles esperam ao viajar. Aqui estão algumas estatísticas que mostram alguns dados demográficos-chave que podem ser relevantes para o seu negócio.

Na era moderna, as viagens tornaram-se cada vez mais digitalizadas, com 67% dos consumidores projetados para fazerem suas reservas online em 2024. Uma tendência interessante entre os viajantes pós-pandemia é a mudança para um público mais jovem, com os Millennials (idade entre 30-44 anos) compreendendo a maior parte dos adoradores de bem-estar, buscadores de lazer, de luxo e viajantes digitais, como revelado pela pesquisa Voice of the Consumer: Travel da Euromonitor.

Os buscadores de luxo são mais comuns em países do Oriente Médio e Ásia-Pacífico, enquanto os ecoaventureiros tendem a ser predominantes tanto na Ásia-Pacífico quanto na Europa. Por outro lado, os exploradores culturais são predominantemente encontrados em vários países europeus. Espera-se um crescimento de 15% nas vendas de pacotes de turismo esportivo comercializados por intermediários de viagens de 2023 a 2024, sinaliza o Euromonitor International.

(*) Crédito da foto: Pixabay