É inegável que a hotelaria vive uma nova realidade após as restrições impostas pela pandemia, que teve grandes impactos no setor nos últimos dois anos. Já neste ano, vivenciando cenário mais brando, mas ainda de incertezas, as operadoras hoteleiras têm elevado suas expectativas. Isso porque fatores como a variante Ômicron e a alta da inflação seguem dando dor de cabeça a muitas delas. Nos Hotéis Deville, os primeiros meses de 2022 tiveram ocupação de 52%. O resultado ficou ligeiramente abaixo dos 58% previstos para o período, segundo Jayme Canet, diretor-presidente da rede paranaense.

Segundo o executivo, a previsão para os próximos meses é de 63%, devido ao aumento gradual da demanda corporativa. A projeção já supera o acumulado do ano passado, quando indicador alcançou 44%. “Começamos o ano bem, mas tivemos uma ligeira queda no percentual ainda em meados de janeiro, por conta dessa nova variante. Inevitavelmente, esse fator acabou afetando nossos indicadores, já que a maioria dos empreendimentos da Deville é voltada para o público corporativo”, afirmou Canet, em entrevista ao Hotelier News.

Em relação à performance, o executivo mencionou Salvador como a praça de melhor desempenho no segmento de lazer. Canet aponta que o empreendimento da capital baiana vem registrando grande movimentação desde o último trimestre de 2021. No primeiros meses de 2022, a ocupação atingiu 60%, frente aos 45% registrados no ano passado.

Já quanto à demanda corporativa e de eventos, os destaques foram Guarulhos (SP) e Maringá (PR). “Já estamos sentindo alguma reação do corporativo, mas não sabemos com que força essa recuperação virá”, acrescenta André Bustamante, gerente de RM dos Hotéis Deville.

Adotando uma abordagem um pouco mais conservadora, Canet afirma que há grande incerteza se o segmento voltará aos níveis de 2019. “Com todas essas mudanças e tendências, como o modelo híbrido, há um risco de que o corporativo não volte ao nível pré-pandemia, ficando de 10% a 15% abaixo daquele período”, completa.

Deville - Jayme_Canet

Canet: rede sente aumento na demanda corporativa, mas é necessário cautela

Ainda segundo os dois executivos, nos dois primeiros meses a receita da rede ficou 11% abaixo do projetado. No entanto, fatores como estimativa de alta na ocupação e o movimento de recuperação das diárias médias na maioria das praças contribui para um cenário mais confiante daqui para frente.

“Em quase todos os mercados, temos visto as tarifas se recuperando gradualmente e, por isso, nosso trabalho visa entregar bons resultados aliados a essa crescente. Ainda assim, temos um longo caminho a percorrer até atingir, de fato, a tão esperada recuperação”, acrescenta Canet.

Escolha da Westin

De acordo com Bustamante, alguns critérios foram analisados antes da escolha da bandeira para operar em São Paulo. Segundo ele, foi importante alinhar esses critérios com os objetivos da rede paranaense. “É uma bandeira inovadora, que tem características como a modernidade dos empreendimentos lifestyle, que é algo que os Hotéis Deville já vinham buscando há um tempo”, explica.

“Além disso, o foco no bem-estar também foi algo que nos chamou bastante atenção, porque essa é uma das nossas prioridades para esse período de retomada. Por fim, também observamos que a Westin é uma bandeira que atrai um público moderno, alinhado com as novas tendências, o que também justifica nossa escolha”, afirma.

Sem dar muitos detalhes, Canet afirmou que, entre as iniciativas da rede para uma eventual expansão, está a prospecção de novas praças, ainda que em fase inicial. “Esse trabalho contempla uma estratégia na qual queremos explorar algumas modalidades de negócio, como arrendamentos”, destaca.

“Já o modelo de contratos de administração não está no nosso radar no momento, a não ser que seja algo que valha muito a pena para nós. Até então, no entanto, ainda não surgiu nenhuma oportunidade neste sentido”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Booking.com

(**) Crédito da foto: Divulgação/Hotéis Deville