Símbolo do turismo de lazer do país, o Rio de Janeiro vem gradualmente recuperando a demanda corporativa – e puxada principalmente por congressos e eventos técnicos-científicos. De janeiro a outubro, por exemplo, a cidade foi palco de 112 eventos, dos quais 40% foram da área de saúde. Ao todo, esses encontros trouxeram em torno de US$ 217 milhões (R$ 1,1 bilhão) para a economia da cidade, aponta estimativa do Rio CVB (Rio Convention & Visitors Bureau). De carona nisso, os hotéis voltam a registrar boas ocupações também nos dias de semana.

Vale dizer que o resultado segue inferior aos níveis de 2019, quando a cidade sediou 278 eventos técnicos-científicos, que movimentaram cerca de US$ 1 bilhão. Contudo, o resultado do acumulado de 2022 gera bastante otimismo, visto que, em 2021, a cidade contou com apenas 19 eventos do segmento, informa também o Rio CVB.

“Embora ainda não tenhamos alcançado o número pré-pandemia, estamos entusiasmados com a perspectiva de logo voltarmos a esse patamar”, alega Roberta Werner, diretora-executiva da entidade. “O setor está se recuperando e toda sua estrutura já se adaptou para receber os turistas após esses dois anos afetados pela pandemia”, completa.

Alfredo Lopes reforça que o Rio de Janeiro sempre foi o berço desses congressos, principalmente na área médica, sendo eles fundamentais para a hotelaria carioca. “Com o Congresso Mundial de Cardiologia, todos os hotéis estão lotados. Essa é a cara do Rio, é o nosso mercado e é para isso que temos que trabalhar intensamente”, acrescenta o presidente da HotéisRio, em entrevista ao Hotelier News.

Recebendo mais de 11 mil pessoas, entre congressistas e palestrantes, o evento de cardiologia – que acontece hoje (14) no Riocentro – espera gerar cerca de US$ 11 milhões (R$ 60 milhões) em receita para a cidade. Em junho, o Rio também recebeu o Congresso da IPVS (International Pig Veterinary Society), refletindo o primeiro respiro após o sufoco dos dois primeiros anos de pandemia.

Para os próximos meses, Lopes informa ainda que a agenda da capital carioca está lotada. Ainda em outubro, a cidade receberá o Rio World Skate Championships 2022, o 77ª Congresso Brasileiro de Cardiologia (junto com o Congresso Mundial de Cardiologia) e o show da banda Imagine Dragons. Em novembro, os cariocas aguardam o Rio Innovation Week, a Incosai e o campeonato de e-sports ESL ª Counter Strike. Vale lembrar também que, em setembro, o Rock in Rio levou a hotelaria carioca a alcançar índices de diárias médias similares ao Réveillon.

Ritmo lento nos demais segmentos

As viagens corporativas como um todo, entretanto, segue em ritmo mais lento na cidade, a despeito da retomada vista recentemente no setor. “Ainda deve demorar mais um pouco, considerando que depende de um ambiente econômico favorável”, declara Lopes. “Apesar do custo das passagens áreas, da Selic e da insegurança eleitoral, que afetam consideravelmente o segmento, o setor de petróleo está muito bem. Estamos no caminho certo, pois é típico do Rio contar com eventos médicos, petróleo e lazer nos finais de semana, além dos grandes eventos como o Rock in Rio”, complementa o presidente da Hotéis Rio.

Alfredo-Lopes

Para Lopes, Rio de Janeiro está no caminho certo 

Pelo que apurou a reportagem, a realidade é mais ou menos similar entre operadores hoteleiros e propriedades independentes. Gerente de Inteligência de Vendas da Nobile Hotels & Resorts, Renato Pezzino conta que o único hotel da rede no Rio começou a sentir o impacto da retomada do corporativo a partir do segundo trimestre de 2022.

“A diferença em relação ao período anterior à pandemia é que há uma tendência de maior tempo de permanência e incremento de diária média. Isso ocorre porque há uma consciência, não só de viajantes, mas de grandes empresas, de que o atendimento e serviços prestados precisam ficar ainda mais qualificados para atendimento ao hóspede”, explica.

Pezzino aponta também que há diferenças de comportamento por regiões. “Fica claro que, ainda por reflexo da pandemia e menores orçamentos, viajantes corporativos buscam se hospedar mais próximos aos locais para onde necessitam se deslocar”, acrescenta. “Portanto, regiões que abrigam empresas e indústrias conseguem maior performance”, comenta.

Seguido disso, afirma o executivo da Nobile, hotéis próximos aos aeroportos, rodoviária e outros pontos de interesse conseguem também registrar boas performance nos picos de demanda.

Quanto às perspectivas para o futuro, Lopes se vê bastante otimista. “Teremos ótimas ocupações pelo resto do ano de 2022. Já em 2023, a expectativa é excepcional, com casa cheia no Réveillon e no Carnaval. Vale destacar ainda que, no ano que vem, teremos a volta do mercado internacional a partir do verão”, finaliza.

(*) Crédito da capa: charlesmackaycm/Pixabay

(**) Crédito da foto: Divulgação/HotéisRio