Após um tímido avanço de julho, a confiança do setor de serviços do Brasil sofreu mais uma queda consecutiva. Em setembro, o ICS (Índice de Confiança de Serviços) recuou 0,5 ponto, para 96,9 pontos, depois de ter caído 0,6 ponto em agosto. Segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas), em médias móveis trimestrais, o indicador se manteve estável ao variar 0,1 ponto.

“O resultado de setembro pode ser entendido como uma acomodação do setor depois de passar por uma trajetória de alta durante o ano. A situação atual é de melhores condições de negócios em relação aos meses anteriores e de manutenção da demanda que vem sendo recuperada aos poucos, reforçando a resiliência do setor”, avalia Stéfano Pacini, economista do FGV IBRE.

Para Pacini, o grande desafio agora é em relação aos próximos meses. Mesmo com sinais macroeconômicos positivos, a maior parte dos segmentos ainda apresenta cautela em suas expectativas. “No entanto, para as datas de fim de ano, a perspectiva de melhora dos fatores macroeconômicos pode ter impacto positivo em parte do setor, como nos serviços prestados às famílias”, diz o economista.

IE-S E ISA-S

Em setembro, a retração do ICS foi influenciada exclusivamente pela piora das perspectivas em relação aos próximos meses: o IE-S (Índice de Expectativas) caiu 1,6 ponto, para 94,7 pontos. Entre os indicadores que compõem o IE-S, ambos contribuíram negativamente para o resultado: o de demanda prevista nos próximos três meses recuou 1,9 ponto, para 94,9 pontos, e o que indica a tendência dos negócios nos próximos seis meses retraiu 1,3 ponto, para 94,5 pontos, mantendo-se abaixo dos 100 pontos desde setembro de 2022 (100,1 pontos).

Já o ISA-S (Índice de Situação Atual) avançou 0,6 ponto, para 99,1 pontos. Entre os quesitos que compõem o ISA-S, o indicador de volume de demanda atual se manteve relativa estabilidade ao variar -0,1 ponto, para 98,6 pontos, enquanto o indicador de situação atual dos negócios subiu 1,3 ponto, para 99,6 pontos, maior nível desde outubro do ano passado (100,4 pontos).

Evolução dos principais segmentos

O fim do terceiro trimestre reforça a recuperação na confiança dos empresários do setor de serviços. Apesar de duas quedas consecutivas, o terceiro trimestre terminou com alta de 3,5 pontos na confiança em relação ao trimestre anterior. Além disso, a alta trimestral ocorreu tanto no ISA-S quanto no IE-S, ratificando a sinalização de resiliência do setor de serviços no ano de 2023.

“Apesar dos resultados ligeiramente negativos nos últimos meses, o setor mantém o momento de redução do pessimismo ao fim do terceiro trimestre”, completa Pacini.

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