Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o setor de serviços teve alta de 0,5% em julho frente ao mês anterior. É a terceira variação positiva seguida do indicador, que acumulou ganho de 2,2% no período. O levantamento aponta, ainda, que três das cinco atividades pesquisadas ficaram no campo positivo, com destaque para os transportes (0,6%), setor com maior impacto sobre o resultado geral do índice.

Com o avanço do mês, o setor de transportes se recuperou da variação negativa do mês anterior (-0,4%). A principal influência sobre o resultado do setor de serviços, na comparação com junho, veio do transporte de cargas, que avançou 1,4%, terceira taxa positiva seguida, acumulando ganho de 5,8% nesses três meses. Com isso, o segmento atingiu novamente o ponto mais alto da sua série histórica. Entre as atividades que fazem parte do setor, o rodoviário de cargas foi o maior responsável pela alta de julho.

“Uma das explicações para o crescimento da atividade de transporte rodoviário de cargas desde o pós-pandemia é a mudança de paradigma em relação ao comércio eletrônico, que teve um boom com a migração das lojas físicas para as plataformas digitais. Hoje esse fator perde para a questão agrícola, uma vez que o LSPA vem prevendo uma série de recordes de safra para o milho e a soja. Isso aumenta muito a demanda do transporte de cargas, tanto pelo fluxo de insumos, como os fertilizantes, quanto pelo próprio escoamento da produção agrícola “, explica Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.

Outros dados

Os serviços prestados às famílias (1,0%) acumularam ganho de 4,9% entre abril e julho. “O resultado de julho é o quarto positivo seguido dessa atividade. Nesse mês, os principais impactos vieram da alta das receitas das empresas de restaurantes, hotéis e parques de diversão, que costumam crescer nos períodos em que as famílias saem de férias”, diz o pesquisador.

O setor de serviços prestados às famílias segue como o único a não superar o patamar pré-pandemia. Em julho, ele operava 1,7% abaixo do nível de fevereiro de 2020, o menor distanciamento já registrado.

Já os outros serviços (0,3%), com a variação de julho, recuperaram parte da perda do mês anterior (-0,4%). “Essa atividade tem apresentado variações muito próximas da estabilidade. A alta de julho foi impulsionada pelos serviços financeiros auxiliares, que é o segmento mais importante em termos de receita”, ressalta Lobo.

Por outro lado, as duas atividades investigadas pela pesquisa que tiveram resultados negativos em julho foram os serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%) e informação e comunicação (-0,2%). No caso do primeiro setor, a queda veio após crescimento de 1,1% no mês anterior.

“A retração nos serviços profissionais, administrativos e complementares é explicada principalmente pela perda de receita de empresas de atividades jurídicas, que haviam crescido no mês anterior devido a ganhos de causas judiciais. Então, a queda é relacionada a essa base de comparação elevada. Outras perdas do setor vieram das empresas de administração de cartões de desconto e de programas de fidelidade, de empresas que atuam com consultoria em gestão empresarial e de serviços de limpeza”, acrescenta o gerente da pesquisa.

A atividade de informação e comunicação, por sua vez, ficou no campo negativo pelo segundo mês seguido na comparação com o anterior. “Esse setor também variou -0,1% em junho, então tem uma variação negativa acumulada de -0,3% nesses dois meses, o que é uma perda muito suave. Em julho, os setores que mais influenciaram esse resultado foram os de portais, provedores de conteúdo e ferramentas de busca na internet, de desenvolvimento e licenciamento de softwares e de distribuição de programas de TV”, complementa Lobo.

Em julho, o setor de serviços operava 12,8% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, e 0,9% abaixo do maior nível da série histórica, alcançado em dezembro do ano passado. “Em julho, o setor alcança o segundo nível mais alto da série histórica. O que temos observado é que, em 2023, os serviços vêm mês a mês com resultados muito próximos ao ponto mais alto da série. Então as forças que operaram dentro do setor no ano passado continuam atuando, como o transporte de cargas, em função do aumento da produção agrícola e do comércio eletrônico, e os serviços de tecnologia da informação, beneficiados pela busca das empresas que queriam oferecer seus bens e serviços nas plataformas digitais”, analisa o pesquisador.

No ano, os serviços acumulam alta de 4,5% frente ao mesmo período do ano passado. Já o acumulado em 12 meses foi de 6,0%. O crescimento do volume de serviços no país frente ao mês anterior foi acompanhado por apenas 13 estados, com destaque para o Rio de Janeiro (1,4%), Goiás (5,6%), Bahia (2,9%), Mato Grosso (3,0%) e Ceará (3,3%). Já as maiores influências negativas vieram do Distrito Federal (-2,9%), São Paulo (-0,1%), Pará (-3,0%), Rio Grande do Sul (-0,6%) e Espírito Santo (-1,8%).

Atividades turísticas crescem 0,7% em julho

A pesquisa do setor de serviços mostra que, após a variação negativa de 0,1% em junho, o índice de atividades turísticas avançou 0,7% no mês seguinte. O segmento está 6,2% acima do patamar pré-pandemia e 1,4% abaixo do seu maior nível, atingido em fevereiro de 2014.

Nove dos 12 locais pesquisados seguiram o movimento de expansão e, entre eles, os maiores destaques foram São Paulo (4,2%), Bahia (4,4%), Rio de Janeiro (1,4%) e Rio Grande do Sul (1,9%). No campo negativo, as principais variações foram do Distrito Federal (-3,7%) e do Espírito Santo (-4,4%).

Serviços crescem no 3,5% na comparação anual

O setor de serviços teve incremento de 3,5% na comparação com julho de 2022. A alta foi disseminada por todas as cinco atividades de divulgação, com destaque também para o setor de transportes (2,5%), com o principal impacto positivo sobre o resultado geral. A atividade foi impulsionada pelo crescimento das receitas das empresas de transporte rodoviário de cargas, aéreo de passageiros, transporte por navegação interior de carga, armazenamento, transporte rodoviário e navegação de apoio marítimo e portuário.

As outras atividades alcançaram os seguintes resultados: informação e comunicação (3,6%), profissionais, administrativos e complementares (3,2%), serviços prestados às famílias (4,9%) e outros serviços (4,2%).

(*) Crédito da foto: Scott Graham/Unsplash