Em meio à disputa entre governo federal e centrão pelo controle do MTur (Ministério do Turismo), outro órgão cujo comando pode mudar de mãos devido a esse embate é a Embratur. Marcelo Freixo, que está à frente da agência desde janeiro, afirma que está confiante de que será mantido no cargo. Para ele, não há disposição do presidente Lula em ceder a entidade ao União Brasil.

“O histórico da Embratur não é de alinhamento necessário com o Ministério do Turismo”, diz Freixo, em entrevista à Folha de São Paulo, lembrando que Flávio Dino, atual ministro da Justiça, já presidiu a agência na mesma época em que Gastão Vieira, seu adversário político no Maranhão, comandava a pasta.

“O fato de o União Brasil estar exigindo o ministério inteiro não quer dizer que vai levar. Isso faz parte do jogo”, complementa Freixo sobre a disputa.

Entendendo o cenário

Após desentendimentos entre Waguinho (hoje no Republicanos), prefeito de Belford Roxo (RJ), com a executiva do União Brasil, sua esposa e agora ex-ministra do Turismo, Daniela Carneiro, também decidiu deixar o partido e passou a cobrar de Lula uma indicação própria ao ministério.

Freixo, por sua vez, afirma que sem uma maioria formada no Congresso, Lula precisa estabelecer governabilidade, e que isso passa pelos ministérios. Mas, na avaliação dele, governança e projeto político precisam estar em equilíbrio, sem que a primeira se sobreponha ao projeto que venceu as eleições presidenciais de 2022.

“Aí está um limite importante. Está claro que o Lula não é o Bolsonaro”, diz o ex-deputado. “Estamos em um momento de adaptação do Congresso com um novo líder, que de fato é líder e não abre mão do seu papel. Não é um espantalho que fica parado enquanto os outros tocam a lavoura”, acrescenta Freixo.

Após perder uma queda de braço pelos recursos do Sistema S, o gestor da entidade tem se dedicado a buscar apoio político para seguir no cargo, reforçando a divulgação de sua atuação frente à Embratur. Entre seus feitos, Freixo destaca a formação de uma equipe técnica composta por profissionais reconhecidos do turismo, como Mariana Aldrigui, professora da USP que assumiu a gerência de Pesquisas e Inteligência de Dados visando ajudar a Embratur a ter uma atuação “baseada em dados, não em chutes”.

O gestor da Embratur também destaca, entre as iniciativas, a promoção do afroturismo e a inclusão de policiais do sexo feminino na segurança de pontos turísticos, visando proteger mulheres que viajam sozinhas pelo Brasil.

(*) Crédito da foto: Reprodução/Valor Econômico

(**) Na foto: Marcelo Freixo, presidente da Embratur