Sim, você não leu errado. O MTur (Ministério do Turismo) tem novo comando. Após ser confirmada pelo governo federal no cargo ontem (6) à tarde, a permanência de Daniela Carneiro teve prazo de validade curtíssimo. A agora ex-ministra será substituída nos próximos dias por Celso Sabino (União Brasil-PA).

O “fico” de Daniela, mesmo que curto, serviu como uma estratégia do governo federal para pressionar o União Brasil – partido da deputada fluminense – a acompanhá-lo no voto a favor da Reforma Tributária, aprovada em dois turnos pela Câmara dos Deputados no início da madrugada de hoje (7). Isso porque, após o anúncio da permanência, a maioria dos deputados do União Brasil anuiu com a análise do texto-base do projeto, aponta o G1.

Daniela teve passagem efêmera no MTur

A troca no ministério foi confirmada por Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais. Ele também reiterou que Sabino foi o principal indicado do União Brasil para o cargo, algo que já vinha sendo especulado na grande imprensa há semanas.

Indicada na última leva de nomes do primeiro escalão do governo Lula, a agora ex-ministra se transformou rapidamente de um ativo a um problema o recém-iniciado terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

Vista como uma porta de entrada para o eleitorado evangélico da Baixada Fluminense, em três dias de governo Daniela se transformou no pivô da primeira crise do governo federal em função da suposta relação do seu grupo político com milicianos, revelou a Folha de São Paulo. À época, a ex-ministra publicou uma nota afirmando que o apoio político não significava compactuar com eventuais crimes cometidos por aliados.

A escolha de Lula foi feita após o empenho da então deputada e de seu marido, Waguinho (Republicanos), prefeito de Belford Roxo (RJ), na campanha presidencial. A nomeação de Daniela para o cargo também foi uma forma de contemplar o União Brasil e ampliar a presença feminina na montagem dos ministérios. Após pedir para se desfiliar do partido, Daniela perdeu a sustentação política que mantinha à frente da pasta.

Celso Sabino: trajetória

O paraense, que deverá ser empossado ainda hoje (7) como novo ministro do Turismo, elegeu-se em 2010 como deputado estadual, assumindo sua posição em 2011 pelo Partido da República. Em 2012, ocupou o cargo de secretário estadual de Trabalho, Emprego e Renda.

Em 2013, filiou-se ao PSDB e, no mesmo ano, assumiu a presidência do Instituto de Metrologia do Pará. Em 2014, foi eleito deputado estadual pelo partido, exercendo novo mandato entre 2015 e 2018, ano em que foi eleito deputado federal, atuando de março de 2019 a janeiro de 2021 como vice-líder do partido no Pará.

Em 2021, anunciou sua saída do PSDB após desavenças com algumas alas do partido e, no ano seguinte, foi eleito, por aclamação o novo presidente da CMO (Comissão Mista de Orçamento) da Câmara, sendo o primeiro paraense a ocupar o cargo.

Sabino é graduado em Administração de Empresas pela Unama (Universidade da Amazônia) e em Direito pelo Centro Universitário do Estado do Pará. Também possui MBA em Gestão Financeira e Controladoria, Administração e Negócios pela Fundação Getulio Vargas, doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad del Museo Social Argentino, e pós-doutorado em Ciências Jurídico-Econômicas pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

* matéria atualizada às 10h51, de 07/07/2023

(*) Crédito da capa: Reprodução/Valor Econômico

(**) Crédito da foto: Roberto Castro/Mtur