O aumento do número de casos de Covid-19 no Brasil, provocado pelo surgimento da variante ômicron, pode frear o avanço do setor de serviços, que registrou avanço de 2,4% em novembro de 2021, de acordo com dados divulgados recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar do crescimento, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) acredita que o impacto da nova cepa já poderá ser percebido nos números de dezembro do ano passado e mais ainda nos de janeiro de 2022.

De acordo a entidade, houve queda mais acentuada de 7,1% na circulação de consumidores em áreas de comércio e serviços na primeira semana de 2022. A baixa já supera a registrada no mesmo período do ano passado, de 6,3%. Além disso, o órgão também aponta que a nova variante tem provocado o cancelamento de eventos relevantes da alta temporada do turismo brasileiro, como o carnaval. Antes da pandemia, a festividade movimentava cerca de R$ 8,1 bilhões no Brasil.

Para José Roberto Tadros, presidente da CNC, os dados alertam para o fato de que ainda não é o momento para relaxar em relação às medidas de contenção do vírus. “Com o avanço da vacinação, começamos a traçar o caminho da recuperação, mas é necessário entender que a pandemia ainda não acabou. Precisamos seguir atentos para evitar retrocessos na prevenção e na economia”, pontua.

CNC: novembro tem queda no isolamento

Ainda de acordo com o levantamento, o grau de isolamento social durante o mês de novembro praticamente equiparou-se ao observado imediatamente antes da crise sanitária. O índice ficou apenas 2,1% acima do registrado em fevereiro de 2020. Por outro lado, o volume de receitas do período cresceu 10% em relação ao mesmo período do ano anterior, representando o maior avanço da série histórica.

Outros cinco grupos de atividades tiveram altas mensais. Destacam-se os crescimentos em informação e comunicação (5,4%) e os prestados às famílias (2,8%), este último avançando pelo oitavo mês consecutivo. A Confederação projeta que, para 2021, o avanço total no volume de receitas seja de 10,2% em relação a 2020 e queda de 0,5% em 2022 frente ao ano anterior.

Turismo tem avanço gradativo

No período analisado, o setor de turismo observou avanço de 4,2%, a menor perda mensal de receitas em relação ao potencial do segmento (R$ 10,3 bilhões) desde março de 2020. O número, porém, permanece 16,2% abaixo do observado no pré-pandemia. Desde o início da crise sanitária, as atividades características do turismo acumularam perda de R$ 463,8 bilhões.

Para Fabio Bentes, economista responsável pela pesquisa, as perspectivas são otimistas, apesar das baixas. Para 2021, ele projeta avanço de 22,5% no faturamento do turismo e de 1,7% em 2022.

“Acreditamos que o setor terá condições de reaver seu pleno potencial de geração de receitas a partir de setembro de 2022. Em ambos os casos, confirmadas as expectativas, tanto serviço quanto turismo registrariam as maiores taxas anuais de crescimento desde o início da PMS”, finaliza.

(*) Crédito da foto: StartUpStockPhotos/Pixabay