Janeiro de 2024 revelou um cenário misto, com um aumento no endividamento das famílias e diminuição na inadimplência, conforme indicado pela Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

De acordo com a Confederação, a inadimplência é a menor em 22 meses, e o volume de famílias com renda de zero a três salários mínimos que não têm como pagar dívidas caiu 1% em um ano. Para o levantamento, 78,1% das famílias brasileiras relataram ter dívidas a vencer em janeiro, representando um aumento de 0,5% em relação a dezembro do ano anterior.

No entanto, ao analisar a variação ano a ano, houve um acréscimo menor, de 0,1%. Uma tendência oposta foi observada nas famílias de classe média, com rendimentos entre 5 e 10 salários mínimos, que apresentaram uma diminuição de 1,9% em comparação com dezembro e 0,8% na comparação anual.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destaca o aspecto geral positivo da Peic de janeiro. “As pessoas estão conseguindo, aos poucos, quitar suas dívidas para contrair outras e adquirir novos produtos, planejar viagens, enfim, voltar a consumir com mais fôlego”, avalia o presidente.

Por outro lado, os consumidores com ensino médio completo registraram aumento no endividamento (78,5%) e na inadimplência (27,3%) em comparação com janeiro de 2023. “Como os menos instruídos geralmente têm menor renda, precisam controlar melhor seu orçamento, o que explica a redução da inadimplência e do endividamento com maior intensidade”, teoriza Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.

Apesar de o cartão de crédito continuar sendo o mais utilizado, com 86,8% do total de endividados nessa modalidade em janeiro, houve queda de 1% no comparativo com o mesmo período do ano passado e 0,4% perante ao mês anterior.

E a inadimplência?

A inadimplência, por sua vez, teve uma redução mensal de 0,5 ponto percentual e uma queda significativa de 1,6 ponto percentual em relação a janeiro de 2023, atingindo o menor nível desde março de 2022, com 28,3% das famílias em atraso nos pagamentos. Entre os inadimplentes, 12% afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas em janeiro.

A pesquisa revelou uma diminuição na inadimplência entre as famílias de menor renda (até três salários mínimos), com queda de 3,1 ponto percentual em relação ao ano anterior. No entanto, 35,6% dessas famílias ainda estão inadimplentes, sendo que 16,4% não sabem como quitar suas dívidas em atraso. A inadimplência também apresentou redução entre os consumidores com menor escolaridade.

(*) Crédito da foto: Ahmad Ardity/Pixabay