De acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o endividamento das famílias em 2023 caiu pela primeira vez em quatro anos, no recorte anual. Por outro lado, a inadimplência registrou o maior patamar desde 2013. Para a entidade, os dados evidenciam um cenário desafiador para os consumidores em 2024, na gestão das finanças pessoais e manutenção da capacidade de consumo, aponta O Globo.

Ao detalhar a pesquisa em comunicado, a CNC informou que a parcela de endividados apurada pelo levantamento subiu de 76,6% para 77,6% de novembro para dezembro, representando a maior fatia mensal desde julho (78,1%). Com o desempenho, o endividamento das famílias mensurado pelo indicador ficou em 77,8% na média anual.

Essa parcela está apenas 0,1% abaixo do observado em 2022. Porém, esse corte representou contingente de 108 mil a menos de endividados entre 2022 e 2023. Também foi a primeira vez que o endividamento anual caiu desde 2019. Em comunicado sobre o indicador, José Roberto Tadros, presidente da CNC, destacou a melhora no mercado de trabalho durante 2023 como um dos fatores responsáveis por um endividamento menor.

Com mais empregos, aumenta a renda originada do trabalho e, como consequência, leva a maior espaço no orçamento das famílias para quitar dívidas.

Menos renda comprometida com a dívida

A CNC também detectou melhora na parcela de renda comprometida com dívidas. Em 2023, ela foi de 30% da renda mensal, menor que a de 2022 (30,2%) e a mais baixa desde 2019 (29,5%). No entanto, o quadro favorável de endividamento anual não se refletiu nos resultados sobre inadimplência.

A parcela dos que declararam ter dívidas em atraso ficou em 29,5% em 2023. Além de ser superior a de 2022 (28,9%), foi a mais forte da série histórica, iniciada em 2013 para este indicador. Ao mesmo tempo, a fatia de inadimplentes que informaram não ter condições para quitar suas dívidas foi de 12,1% no ano passado, percentual recorde.

Além disso, em 2023, a inadimplência foi mais grave entre os mais pobres. Nas famílias com renda até 10 salários mínimos, o percentual de pessoas com dívidas em atraso ficou em 32,3%. E no caso dos inadimplentes sem condições de quitar as dívidas, nessa faixa de renda, a proporção foi de 14,1%.

A trajetória anual crescente da inadimplência, por outro lado, não se repete no comportamento mensal do indicador, medido pela mesma pesquisa. Em dezembro do no passado, a fatia de endividados que se declararam inadimplentes ficou em 28,8%, menor do que a de novembro (29%). No caso dos inadimplentes em condições de quitar dívidas, a proporção no último mês de 2023 foi de 12,2%, menor do que a de novembro (12,5%).

A pesquisa da CNC ainda que, mais uma vez, o cartão de crédito foi um dos principais responsáveis pela inadimplência. Ele foi citado por 87,2% dos pesquisados que admitiram dívidas nessa modalidade em 2023.

(*) Crédito da foto: AhmadArdity/Pixabay