Em julho, o endividamento das famílias brasileiras caiu após sete meses de altas consecutivas. É o que mostra a última edição da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), divulgada hoje (8) pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). No período, o indicador cedeu 0.4 p.p. (ponto percentual) frente ao mês anterior, atingindo agora 78,1% da população.

Do total de pessoas com dívidas, 18,2% consideram-se “muito endividadas”, percentual que também aponta queda – a primeira desde dezembro. Uma das explicações para a baixa é o Programa Desenrola Brasil, iniciativa lançada pelo governo federal que propôs a renegociação de dívidas bancárias de pessoas com renda de R$ 2,6 mil a R$ 20 mil.

O programa teve início no mesmo passado, mas, mesmo antes de entrar em vigor, uma pesquisa do Serasa Experian já havia apontado recuo no nível de inadimplência do país. Vale destacar que os consumidores com até dois salários mínimos com CPF negativado por conta de dívidas de até R$ 5 mil são o público priorizado pelo Programa Desenrola Brasil. No entanto, a operação com esse grupo só começa em setembro. 

“Com o início da trajetória de queda da taxa de juros, é esperado um movimento de melhora das condições de compra do brasileiro, o que é positivo para a economia como um todo”, avalia José Roberto Tadros, presidente da CNC.

Mais dados

Das 78,1% de famílias inadimplentes, 29,6% têm boletos atrasados e 12,2% não terão condições de pagar suas dívidas. O alívio maior no endividamento é sentido pela classe média e, entre as famílias entrevistadas, as que têm renda mensal de cinco a 10 salários mínimos atingiram o menor número percentual desde janeiro (74,4%).

Nos consumidores de renda baixa (que recebem até três salários mínimos), a proporção de endividados começa o segundo semestre em alta de 0,1%, representando 79,4% desse grupo. O volume de inadimplentes subiu 0,3% frente a junho e atingiu 37,3% dos entrevistados. Já aqueles que afirmaram não ter condições de pagar dívidas atrasadas há mais tempo teve aumento de 0,2%, chegando a 16,6%.

endividamento das famílias - CNC - Julho 2023

Além disso, as dívidas adquiridas por cartões de crédito também apresentaram recuo, chegando a 85,9% em julho frente aos 87% do mês anterior. 

O movimento de renegociação fez a proporção de endividados cair entre junho e julho em 13 das 27 Unidades da Federação. As maiores reduções foram no Distrito Federal (queda de 2,6 p.p.), em São Paulo (2 p.p.), no Tocantins (1,8 p.p.), Amapá (1,6 p.p.) e Bahia (1,2 p.p.).

Em outros 13 estados, o volume de pessoas com dívidas aumentou, com destaque para Sergipe (3,6 p.p.), Piauí (2,7 p.p.) e Ceará (2,7 p.p.). Apenas no Espírito Santo o número de consumidores com dívidas permaneceu estável na comparação mensal.

(*) Crédito da capa: AhmadArdity/Pixabay

(**) Crédito do infográfico: Divulgação/CNC