A inadimplência no Brasil teve seu primeiro recuo em 2023, segundo estudo divulgado hoje (21) pela Serasa Experian. Os dados são relativos a junho e anteriores ao início do Desenrola Brasil, programa do governo voltado para a renegociação de dívidas, que começou esta semana.

O levantamento aponta que houve redução de 450 mil pessoas com débitos em relação a maio. São 71,45 milhões de brasileiros endividados, número próximo ao registrado em abril, quando 71,44 milhões estavam nessa situação, revela a Folha de São Paulo. A última vez em que o indicador tinha registrado recuo foi em dezembro de 2022, único mês do ano em que uma diminuição foi observada.

“Apesar do cenário econômico ainda desfavorável, com inflação e juros altos, a primeira queda na inadimplência do ano representa um dado significativo e que pode sinalizar melhoras na saúde financeira dos consumidores”, avalia Aline Maciel, gerente do Serasa Limpa Nome. O órgão indica ainda que 34,8% dos devedores estão na faixa entre 41 e 60 anos, seguidos de perto por pessoas entre 26 e 40 anos, que representam 34,7% dos endividados. Os brasileiros acima de 60 anos representam 18,1% do total. As mulheres respondem por 50,3%, e os homens, por 49,7%.

Outros dados

O estudo sobre inadimplência mostra que o valor médio da dívida por pessoa é de R$ 4.846,15, alta de 0,78% em comparação a maio. A faixa de até R$ 5 mil será justamente a que o governo pretende contemplar na próxima etapa do Desenrola, que está prevista para começar em setembro. Nesta semana, teve início a chamada fase 2 do programa, que é voltada para renegociação de dívidas bancárias e deve ser feita diretamente entre cliente e banco, financeira, cooperativa ou sociedade de crédito.

O acordo é permitido apenas para quem entrou na lista de negativados a partir de 1º de janeiro de 2019 e permaneceu nela até 31 de dezembro de 2022. A pessoa deve ganhar entre R$ 2,6 mil e R$ 20 mil mensais, e terá prazo mínimo de 12 meses para pagar a dívida, que pode ser parcelada e ter taxa de juros definida por cada banco.

Vale lembrar que o acordo não permite negociação de débitos como água, luz e outros serviços. Quem aderir ao programa também terá o nome limpo, caso tenha dívidas de até R$ 100 feitas entre 2019 e 2022.

Recorde regional

O levantamento mostra que quatro estados e o Distrito Federal detêm o maior percentual de endividados. O Rio de Janeiro é o líder em percentual, com 52,80%. O estado fluninense é o único do Sudeste nesta situação, já que São Paulo tem 45,61%, Espírito Santo aparece com 40,39% e Minas Gerais, com 39,42%.

O Amapá é o segundo estado com maior percentual de inadimplentes (52,72%), seguido por Amazonas (52,2%), Distrito Federal (52,05%) e Mato Grosso (50,33%). As regiões Nordeste e Sul não têm nenhum estado nessa relação.

Do outro lado, o estado menos endividado é o Piauí, com 36,18%, seguido por Santa Catarina (37,14%), Maranhão (38,82%), Rio Grande do Sul (39,22%), Paraíba (39,29%) e Minas Gerais. Segundo a pesquisa, a média nacional é de 43,78%. Com isso, 12 estados e o Distrito Federal estão acima desse patamar.

As dívidas com bancos e cartões de crédito respondem por boa parte do aumento da inadimplência, representando 31,13% dos brasileiros endividados. Por outro lado, houve queda em relação a maio, quando o indicador atingiu 31,94%. Já as contas básicas como água, luz e gás são responsáveis por 22,07%, e o varejo tem 11,44%.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, pontuou que até 2,5 milhões de pessoas podem sair da lista de endividados, caso todos os bancos entrem no Desenrola.

(*) Crédito da foto: joelfotos/Pixabay