No último mês de março, a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), conduzida pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), revelou um aumento no endividamento das famílias brasileiras. De acordo com a entidade, 78,1% das famílias indicaram possuir dívidas a vencer, marcando um crescimento sensível de 0,2% em relação a fevereiro, embora o índice tenha apresentado uma pequena queda, de 0,2%, quando comparado a março do ano anterior.

José Roberto Tadros, presidente da CNC, atribui esse resultado à conjuntura econômica favorável, com juros mais baixos facilitando o acesso ao crédito. Dados do BC (Banco Central) corroboram essa análise, já que foi registrado um aumento de 1,1% no saldo das operações de crédito para pessoas físicas em janeiro de 2024.

“O momento mais favorável dos juros, com menor custo, tem contribuído para uma maior demanda das famílias por crédito, sobretudo, parcelado”, afirma Tadros.

O estudo também aponta um incremento de 0,1% no segmento de consumidores “muito endividados”, interrompendo uma sequência de quatro meses de queda. Já a proporção de famílias com dívidas atrasadas subiu 0,5%, alcançando 28,6% do total, ainda assim, abaixo dos 29,4% observados em março de 2023. Paralelamente, houve um aumento de 0,2% nas famílias consideradas “pouco endividadas”.

Izis Ferreira, economista da CNC, destaca a preocupação com o grupo de inadimplentes que não terão condições de quitar suas dívidas, cujo percentual ultrapassou o do mesmo período do ano passado.

A busca por fontes alternativas de financiamento levou o uso do cartão de crédito entre os endividados para 86,9% no mês, um aumento de 0,8% em relação ao ano anterior. O crédito pessoal teve o maior crescimento, com 1,6%, beneficiado pela redução dos juros médios da modalidade para 41,2% em janeiro de 2024.

Valor médio das dívidas recua

O valor médio das dívidas fechou em queda pelo segundo mês consecutivo, com uma redução de 0,5% no primeiro trimestre do ano. Em março, 20,7% das famílias tinham mais da metade de seus rendimentos comprometidos com o pagamento de débitos.

Isso porque as famílias têm buscado estender o prazo de pagamento de suas dívidas para melhorar a disponibilidade de renda. “O tempo de comprometimento com dívidas atingiu 7,1 meses em março de 2023, o maior nível desde abril de 2022”, comenta Izis.

(*) Crédito da foto: Pixabay