Líder das pesquisas eleitorais, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou hoje (20) pela manhã de um encontro com representantes de diversas entidades turísticas. Organizado pelo comitê de campanha do petista no Grand Mercure Ibirapuera, em São Paulo, o evento serviu para as lideranças do turismo apresentarem propostas ao candidato a presidente, bem como ouvir dele alguns dos planos para o turismo nacional.

Antes de você continuar com a cobertura do encontro, é importante mencionar que o Hotelier News está em contato com as assessorias dos principais candidatos à presidência para trazer suas propostas para a indústria de viagens no Brasil até vocês. Até o momento, nenhum deles retornou sobre nosso pedido de entrevista e só iniciamos essa série de reportagens com o ex-presidente Lula porque houve a oportunidade de cobrir o evento com representantes do trade turístico.

Mais ainda, pelo que apurou a reportagem, Lula foi o único candidato a presidente a tomar essa iniciativa de aproximação com o setor unindo várias entidades setoriais. Talvez, por isso, a recepção das lideranças do trade tenha sido amistosa. Então, diante dos sorrisos e aplausos, foi inevitável não perceber no ar um indisfarçável clima de vitória entre os membros do PT e dos partidos da base presentes, entre elas Fernando Haddad, candidato a governador em São Paulo, Márcio França, candidato a senador em São Paulo, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Aloízio Mercadante, entre outros.

O clima, de certa forma, impregnou a fala do ex-presidente, que adotou um tom mais afirmativo em suas colocações. O comportamento diferiu, por exemplo, da maneira como Haddad e França falaram para o público, quase sempre usando expressões como “no caso de vitória” e “vencendo as eleições”.

“Eu não tinha por quê voltar a ser candidato a presidente. Jamais imaginei estar junto com (Geraldo) Alckmin, por exemplo. E por que fui me juntar a ele? Porque era preciso mostrar para o povo brasileiro que você pode conviver harmonicamente e democraticamente pensando diferente”, comentou Lula.

“Este país precisa voltar a conversar. A família não pode brigar por causa de candidato a presidente, de partido político, fake news e mentiras. E vocês sabem que está assim esse país, com um estado de nervosismo na sociedade quase inexplicável, a não ser pelo comportamento do cidadão e dos milicianos que tomaram conta deste país”, continuou.

Em relação à indústria de viagens, Lula destacou que sabe da importância do setor para a geração de empregos, além de dizer que seu governo criará condições para que mais pessoas possam viajar. “Queremos fazer com que as pessoas voltem a viajar. As pessoas precisam conhecer esse país. Precisamos criar condições. O papel do Estado é o de abrir portas, facilitar e não criar problemas”, comentou.

Propostas

Antes da fala de Lula e de outros políticos da base petista, lideranças da indústria de viagens falaram e apresentaram algumas das demandas de seus respectivos segmentos. Presidente da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação) e do Conselho de Turismo da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), Alexandre Sampaio citou a importância de que mais brasileiros possam consumir viagens para dinamizar o setor. “Precisamos criar condições para um turismo de massa no país”, disse.

Já Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira de Empresas Aéreas) comentou o impacto do querosene de aviação no preço das passagens, dizendo que o país pode encontrar alternativas para não ficar refém da variação dos preços internacionais do insumo. “Temos de construir coletivamente políticas públicas que viabilizem o uso do combustível sustentável da aviação (SAF). O Brasil tem estrutura, tem pesquisa, universidade e a Embrapa capazes de transformar isso num vetor de mudança”, disse.

Setin falou dos impactos da pandemia e fez pedidos a Lula

Sanovicz lembrou ainda que é fundamental construir um ambiente de custos, regras e tributos semelhantes ao que vive a aviação mundial. “Queremos as mesmas condições de empresas americanas, europeias e asiáticas para competir. O Brasil é o único país do planeta que tributa o QAV. Esses debates têm de ser travados aqui para voltarmos a oferecer condições muito melhores aos consumidores brasileiros”, continuou.

Também presente ao evento, Antônio Setin representou a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), mas tomou o lugar de fala do setor hoteleiro. O fundador e CEO da Setin Incorporadora, que construiu vários hotéis no país, muitos deles sob gestão da Accor, comentou sobre o impacto da pandemia no mercado hoteleiro e falou da importância vital do Perse para o segmento.

“O meu pedido ao senhor é que olhe com muito carinho para que o Perse perdure de forma que os hotéis consigam recompor seu caixa e possam continuar se modernizando e recebendo turistas”, disse. “Há outras questões relevantes como, por exemplo, a modernização do modelo de contratação de colaboradores. Hoje, por exemplo, esse hotel está lotado, mas pode ser que, amanhã, esteja vazio. Então, temos que olhar com atenção a questão da modalidade de contratação temporária para se adaptar a essa realidade.”

Setin também citou a importância de o próximo governo acelerar a tão falada Reforma Tributária, bem como analisar a situação dos cassinos e jogos de azar, dentro da ideia de explorar novos segmentos e demandas no setor de turismo. “Há um público potencial enorme presente neste segmento, que atrai turistas do mundo inteiro, além de movimentar uma quantidade enorme de capital, investimentos e gerar muitos empregos”, completou.

Além deles, outras lideranças da indústria como Toni Sando (SPCVB e Unidestinos) e Flávia Matos (Airbnb), representando o Comitê de Plataformas Digitais de Turismo da camara-e.net (Câmara Brasileira da Economia Digital), também falaram. Todos elas entregaram ao ex-presidente documentos com propostas e sugestões para desenvolvimento do turismo brasileiro.

Para ler o programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, acesse https://bit.ly/3BVDEsE.

(*) Crédito das fotos: Vinicius Medeiros/Hotelier News