Com o aumento do número de casos da síndrome de Burnout no mercado de trabalho, também é importante sobre como prevenir o aparecimento do transtorno ou, em caso de diagnóstico positivo, como tratá-lo adequadamente. Na terceira reportagem do Hotelier News sobre o tema, Álvaro Cabral, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo), fala de forma mais aprofundada sobre diagnóstico, prevenção e tratamento da doença.

O profissional aponta que o primeiro passo é saber identificar os sinais da doença. “Na maioria dos casos, o Burnout apresenta sintomas bastante evidentes, como sensação de cansaço e falta de eficácia. O aparecimento de um quadro depressivo também pode ser um sinal claro da síndrome”, pontua.

Álvaro Cabral

Cabral: empresas têm papel relevante

De acordo com o Zenklub, a capacidade do indivíduo em observar sua relação com o trabalho e saber identificar os sinais é crucial para prevenir o desenvolvimento ou agravamento de um quadro do transtorno.

Como prevenir

Cabral pontua ainda, que o processo de prevenção do Burnout pode ser realizado em quatro etapas, com atitudes que envolvem tanto os profissionais, quanto as empresa. Essas atitudes e iniciativas visam garantir uma melhor rotina de trabalho, contribuindo para a boa saúde mental de todos.

1 – Pensar a vida para além do ambiente de trabalho: segundo o profissional, buscar atividades fora do ambiente profissional contribuem – e muito – na prevenção da doença. “É importante que o indivíduo adote práticas saudáveis, como atividades físicas, uma boa rotina de sono – especialistas recomendam dormir de seis a oito horas por noite – alimentação adequada, além, claro, da interação social, que contribui de forma significativa neste processo”, diz.

2 – Estabelecer políticas para evitar assédio moral: essa dica vale tanto para colaboradores, quanto para empresa. O Índice de Bem-Estar do Zenklub complementa a fala do médico e ressalta a importância de o indivíduo estabelecer limites em sua jornada de trabalho.

3 – Desenvolvimento de ações de conscientização: o Zenklub aponta que o papel das empresas é fundamental para garantir um bom ambiente de trabalho.

4 – Promoção de acompanhamento psicológico e psiquiátrico: essa é uma boa maneira das empresas manterem um ambiente de trabalho saudável, bem como prevenir o aparecimento do transtorno. A iniciativa, segundo Cabral, contribui para a manutenção da boa saúde mental dos colaboradores.

Recuperação

Neste processo, Cabral também destaca alguns passos fundamentais para garantir que a eficácia do tratamento do Burnout. Entre eles, destacam-se:

1 – Aprender a identificar a causa do transtorno: o psiquiatra afirma que esse é o principal passo no processo de recuperação, pois ajuda o colaborador a rever sua relação com o trabalho e identificar possível sobrecarga profissional, jornada exaustiva, entre outros fatores.

2 – Acompanhamento com psicoterapia: nessa etapa, todo o contexto da vida do indivíduo é analisado e, a partir de então, ele é orientado a se voltar para outras questões e buscar outros significados no trabalho.

3 – Tratamento medicamentoso: Cabral aponta que este é um passo fundamental no tratamento de Burnout, pois complemente a psicoterapia e maximiza as chances de recuperação do indivíduo. Vale ressaltar que o uso de remédios depende do grau de Burnout em que o paciente se encontra.

4 – Manter a disciplina é fundamental: o Zenklub ressalta que, para garantir bons resultados, é importante manter a rotina, cumprindo todos os outros passos sem hesitar, por mais desmotivado que o indivíduo possa estar.

Benefícios para o trabalhador

Uma vez adotadas essas iniciativas, o trabalhador se torna mais produtivo, saudável e consegue entregar melhores resultados para a empresa onde está inserido. Por isso, é necessário que o acolhimento seja o carro chefe em toda a jornada do indivíduo diagnosticado ou com suspeita de Burnout.

Neste processo, é importante não só a participação de psicólogos e psiquiatras, mas também da família e amigos, mesmo sem as ferramentas técnicas necessárias para contornar o problema. Dessa forma, podem contribuir sendo ouvindo os relatos de quem está passando pela situação, de forma solidária e, principalmente, sem julgamentos.

(*) Crédito da capa: JetShoots/Unsplash

(**) Crédito da foto: Divulgação/Doctoralia