Publicado anualmente pela JLL, o estudo Hotelaria em Números, que traça uma radiografia do setor hoteleiro no país, trouxe uma novidade em sua mais nova edição. A Atlantica Hospitality International, que segue expandindo sua presença em todo o território brasileiro, ultrapassou a Accor e fechou o ano passado com o maior portfólio de hotéis administrados no país. O número de propriedades geridas pela operadora liderada por Eduardo Giestas chegou a 166, contra 154 da gigante francesa.

Esse cenário é explicado por diversos fatores. Um dos principais, aponta a JLL, é o crescimento do modelo de franquias no mercado brasileiro, que é uma das grandes apostas da Accor por aqui. Globalmente, as grandes redes internacionais estão priorizando franquear algumas de suas marcas a administradoras locais, deixando para operar unidades de bandeiras de luxo, upscale e lifestyle. Esse movimento explica também a ascensão de empresas nacionais como a própria Atlantica (que é franqueada da Hilton e da Choice Hotels), além da Atrio Hotel Management e da Falcon Hotéis (ambas com acordos com a Accor), entre outras operadoras.

Apesar de a Atlantica superar a Accor no número de empreendimentos administrados, a rede francesa ainda detém a ponta do ranking se o critério for o número de apartamentos sob gestão. Ao todo, a rede francesa detém 30.449 UHs no inventário, contra 28.784 da operadora paulista. Juntas, as duas somam 320 unidades no portfólio.

Mais ainda, entre os hotéis embandeirados do país, a rede francesa também lidera com folga, o que reforça o brand awareness da empresa no país. Das 10 marcas hoteleiras com maior número de apartamentos no mercado brasileiro, cinco são da Accor (e com elas ocupando as cinco primeiras posições). Neste ranking, a família ibis é o grande destaque, reunindo mais de 37,5 mil UHs.

Atlantica - Ranking

Atualmente, segundo o estudo da JLL, a oferta hoteleira no Brasil é estimada em 10.602 empreendimentos, sendo 994 hotéis e flats de marcas nacionais, 657 de bandeiras internacionais e 8.951 independentes, sendo 3.686 com até 20 quartos e 5.265 com mais de 20 acomodações.

O percentual de propriedades afiliadas a cadeias hoteleiras ainda é pequeno (15,6%), mas em número de apartamentos é mais significativo, chegando a 41,1% do total de acomodações disponíveis no Brasil. Isso demonstra que os hotéis associados a redes têm, em média, maior número de quartos, especialmente aqueles das grandes marcas internacionais.

Performance de 2022

Durante a crise econômica ocorrida de 2015 a 2018 e, posteriormente, a crise trazida pela pandemia de Covid-19, em 2020 e 2021, as diárias médias dos hotéis sofreram queda considerável, chegando a R$ 228 e R$ 213, respectivamente, apesar da inflação acumulada desde então. Em 2022, o indicador fechou o ano em aproximadamente R$ 290, recuperando quase integralmente as perdas inflacionárias da última década.

O impacto da pandemia nos dois primeiros meses do ano passado, coincidindo com o verão, impediu que o setor atingisse marcas recordes em outras importantes métricas, como RevPar e GOP (Gross Operating Profit). Em 2022, o RevPar foi de R$ 171, pouco abaixo dos R$ 173 de 2014, pico da série histórica. O GOP, por sua vez, foi de 36,9% da receita total, enquanto em 2014 atingiu 39,4%.

Os resultados da pesquisa mostram que a indústria brasileira segue tendências globais, iniciando uma forte recuperação em ocupação, diárias médias e rentabilidade. Essa recuperação se mantém forte em 2023, projetando um período de alta performance nos próximos anos.

Uma das principais “lições” que a pandemia deixou para o setor foi a operação com estruturas de custo mais enxutas. Em 2022, os hotéis brasileiros operaram com uma média de 0,29 funcionários por quarto, contra 0,57 em 2019.

Embora ajustes sejam necessários para atender melhor à demanda, a mudança nas expectativas da força de trabalho deve limitar o crescimento de vagas nos hotéis. A indústria hoteleira mundial, e no Brasil não está sendo diferente, segue tendo dificuldade em recrutar mão de obra. Por fim, a política ESG também tem ganhado destaque, com administradores e proprietários investindo muitos recursos humanos e financeiros em adequações a essa agenda. Essa se tornou uma das principais preocupações da hotelaria, alinhada à crescente demanda dos hóspedes por hotéis comprometidos com a sustentabilidade.

* Matéria atualizada às 17h08, do dia 04/09/23

(*) Crédito da foto: Divulgação/Atlantica Hospitality International

(**) Crédito da tabela: Divulgação/JLL