Quem acompanha o LinkedIn já sabe da novidade, mas esta semana Marcelo Bicudo faz a estreia oficial de sua nova empresa. Com a TravelCash, o empreendedor mantém o propósito da Allpoints de entregar aos hotéis melhores margens na distribuição online, mas agora com um modelo de negócio diferente. Sai o programa de fidelidade, entra o cashback. Na mesma toada, sua antiga traveltech ganha um componente financeiro e evolui para se tornar uma fintech travel.

Sim, o adjetivo antes da palavra traveltech na frase anterior não é à toa. Em entrevista exclusiva ao Hotelier News, Bicudo confirmou que a Allpoints será descontinuada até o final do ano. Na verdade, o empreendedor e seu time já focam todas as atenções no novo negócio, que, por sinal, tem um investidor estrangeiro e ficará sediada – em função da melhor estrutura fiscal e legal, além da oportunidade mais fácil de escalar globalmente o negócio – nos Estados Unidos.

“A TravelCash é um negócio B2B2C. De um lado, ajudamos na dor de todo hoteleiro em elevar as vendas sem grandes investimentos de mídia. Para isso, basta deixar sua política de desconto para conceder cashback aos consumidores. Em troca, da nossa parte, ofertamos possibilidade de aumentar a margem GOP com custo zero a partir de uma mecânica simples: do percentual de cashback concedido ao cliente, entramos com a metade”, completa.

Na outra ponta da equação, a do consumidor, Bicudo entende que entrega benefícios com maior grau de clareza. “Hoje, o cliente não sabe exatamente quanto valem seus 10 mil pontos no programa de fidelidade, o que gera uma frustração. O cashback entrega maior transparência neste sentido, o que nos fez apostar neste modelo de negócio. Um ponto na nossa nova plataforma corresponde a R$ 1. É muito mais tangível”, explica.

Transição

Lançada em 2015, a Allpoints conta atualmente com uma base de 1,5 milhão de usuários ativos. Segundo Bicudo, todos os participantes serão convidados para migrar para a TravelCash, levando consigo os pontos que detêm atualmente no programa. “Não deixaremos ninguém para trás”, garante.

O empreendedor ressalta que a decisão de descontinuar a Allpoints foi natural, até por se tratar de uma evolução do negócio. Foi no programa de fidelidade, por exemplo, que Bicudo tateou pela primeira vez o modelo de negócio do cashback. “A Allpoints foi um grande laboratório, mas, de certa forma, havia um limitador para nosso crescimento”, diz.

Marcelo Bicudo - lançamento TravelCash - interna

Bicudo: TravelCash divide desconto com o hotel

E, quando afirma isso, o empreendedor se refere ao fato de que todas as grandes operadoras contam com seus próprios programas de fidelidade. “Então, não podia fazer um approach em grandes redes internacionais para integrá-los à base. Agora, não tenho nenhum impeditivo, porque a TravelCash traz receita adicional às redes. Melhor ainda, não tenho concorrentes diretos”, acrescenta.

Após o lançamento esta semana, a TravelCash vai atrás dos seus objetivos mais imediatos. Isso passa por chegar a 300 hotéis no Brasil até o final do ano, além de atingir de 10 milhões de usuários até o final de 2025. Na primeira parte, em teoria, a empresa já nasce partindo de uma base de 1,5 milhão de participantes da Allpoints, mas, mesmo assim, a montanha é grande.

Na segunda, o desafio parece mais simples. “Se conseguirmos a adesão da Accor, já atingimos essa meta”, afirma Bicudo. “Outros objetivos de médio prazo são lançar uma maquininha POS para as transações nos pontos de venda e um cartão de crédito, tanto físico, quanto digital”, revela.

“Acreditamos muito no cashback. No final do dia, somos um martelo para o hotel usar e vender mais. Agora, como ele vai dar a martelada depende de sua estratégia de vendas. Agora, se a propriedade já dava 10% de desconto em algumas tarifas, com a TravelCash ele pode ficar com 5% para ele. Não vale a pena?”, finaliza.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/TravelCash