As demandas da IA (Inteligência Artificial) generativa por respostas mais longas e menos links mudarão o modelo de negócios de publicidade de viagens do Google? Essa transformação é quase inevitável, mas onde a empresa, que vem investindo nessa tecnologia, se posiciona nesse cenário?

A revolução da IA generativa já está influenciando profundamente as operações internas das empresas de viagens, impulsionando a introdução de novos produtos e serviços, aponta o Skift. Mesmo diante do lançamento da atualização Gemini pelo Google, projetada para competir com o ChatGPT, da OpenAI, é evidente que a pesquisa do metabuscador enfrentará uma crescente pressão concorrencial, com uma lista cada vez maior de adversários, que vão desde a OpenAI até a Microsoft/Bing, Meta, Apple e possíveis novos concorrentes.

Surge a questão: como os links publicitários do Google, que geram bilhões, serão impactados se a tecnologia possibilitar respostas instantâneas? Esse questionamento foi apresentado a diversos executivos e investidores do setor de viagens. A indagação centraliza-se na possibilidade de a IA generativa alterar o modelo de negócios predominantemente publicitário da gigante do Vale do Silício, talvez transformando-a em uma OTA.

Embora nenhum entrevistado tenha afirmado categoricamente que o Google se tornará uma agência de viagens online, algo que a empresa vem minimizando há bastante tempo, as respostas apontam para previsões de mudanças profundas no panorama de publicidade do metabuscador e no cenário competitivo em geral. Abaixo, apresentamos nove considerações de especialistas, cuidadosamente editadas para proporcionar maior extensão e clareza.

Insights de especialistas

Alguns especialistas comentaram sobre o tema. “Os consumidores não querem anúncios. Eles querem respostas e ações. O agente de viagens de elite do mundo, que conhece todas as suas informações, reservas anteriores e preferências no bolso, e isso em breve será possível graças à IA”, diz Brad Gerstner, fundador e CEO da Altimeter Capital.

Steve Hafner, co-fundador e CEO do Kayak, aponta que a IA vai mudar os processos do Google porque o buscador tem mais pontos de dados do que qualquer um. “Caso de uso simples: o Google avisa que você aceitou uma reunião de negócios em Berlim em dois meses em sua agenda do Google. Ele sabe, por meio de suas reservas de viagens anteriores no Gmail, que você prefere a United, voa a negócios e gosta de chegar um dia antes e sair imediatamente à tarde. quando as reuniões terminam”, ressalta.

“O que falta é o apelo à ação para comprar/reservar. Está chegando, e espero que cada vez mais viagens contornem os links azuis da pesquisa final e passem para a camada de mídia social/vídeo”, acrescenta Mark Shmulik, analista sênior da AB Bernstein.

Henrik Kjellberg, CEO da Awaze, aponta que a grande mudança com a IA será a redução da quantidade de cliques. “Fomos treinados para escrever em inglês pidgin para encontrar o que precisamos no Google. Mas com LLMs (Large Lenguage Models), vale a pena escrever consultas mais longas, pois você obtém resultados muito melhores”, comenta.

“Penso que a perspectiva geral que tenho é que o Google é uma plataforma de publicidade e permanece como tal. A IA generativa pode mudar algumas dinâmicas dessa plataforma e a forma como os clientes interagem com o Google e, em seguida, como o Google interage com anunciantes, como a GetYourGuide e operadores de experiências”, acrescenta Emil Martinsek, diretor de Marketing da GetYourGuide.

Krista Pappas, COO da AmiGO, diz que a possibilidade de o Google se tornar uma OTA parece improvável. “As forças do Google estão na computação em nuvem, publicidade digital e na dominação em pesquisas, não no mundo complexo e exigente das agências de viagens”, destaca.

Por fim, Johannes Thomas, CEO da Trivago, diz que embora a IA generativa seja uma ferramenta poderosa, não há sinais de que ela alterará drasticamente o modelo de negócios baseado em publicidade.

(*) Crédito da foto: Pixabay