Gigante hoteleira, com mais de 5 mil hotéis no mundo, a Accor quer se posicionar também como uma gigante digital. Em 27 de junho, a rede francesa promoveu, em Paris, o Capital Market Day, evento voltado para analistas financeiros e investidores no qual a empresa revelou detalhes sobre seu plano de crescimento. Ao todo, foram seis horas de conteúdo estratégico (reveja aqui) sobre o planejamento da organização em diferentes áreas, entre elas as metas e objetivos relacionados à transformação digital.

No Capital Market Day, a apresentação sobre os planos da Accor para a área digital ficou a cargo da CDO (Chief Digital Officer) global Alix Boulnois. Para o Skift, o jornalista Sean O’Neill cobriu o encontro e preparou uma reportagem com alguns dos highlights dessa estratégia.

Para começar, a executiva fez um balanço do que a Accor chama de fábrica digital. Iniciado no final de 2021, o projeto tinha, nas palavras de Alix, a meta de incorporar uma atitude e mentalidade do Vale do Silício em relação à inovação dentro da empresa. Hoje, a unidade reúne cerca de 800 desenvolvedores, analistas de dados, gerentes de produto e especialistas em relacionamento com o cliente.

O objetivo é resolver e melhorar a experiência do cliente, o que também beneficia os proprietários parceiros. Para tal, a unidade de negócios pretende rastrear e fazer uso dos dados dos hóspedes durante a estada em hotéis de várias marcas, e em diferentes países. Vale destacar ainda, que essas reservas vêm de diferentes canais de distribuição, o que demonstra a grandiosidade desse trabalho.

Ir além da hospedagem

Outro objetivo da Accor, que Thomas Dubaere deixou bem claro para o Hotelier News, é gerar receita muito além da hospedagem. Neste sentido, duas iniciativas recentes foram destacadas por Alix durante o Capital Market Day.

Accor - estratégia digital - Alix Boulnois

Alix: apps e sites estão em aperfeiçoamento

No ano passado, por exemplo, a rede lançou o All Food, plataforma (site e aplicativo) para reservar refeições nos restaurantes dos hotéis. Em aposta semelhante, a empresa apresentou ao mercado o Spa d’Accor, que funciona desde abril na França e deve entrar em operação em outros mercado em breve.

Outro projeto nesta mesma linha foi o lançamento do programa de assinatura, que já está rodando no Brasil. Por meio dele, os hóspedes podem pagar uma taxa anual por descontos e vantagens. Com esse modelo de negócio, a Accor mira um fluxo de receita recorrente, que ainda traz como (boa) contrapartida o aumento das reservas diretas, economizando em custos de marketing.

Alix também revelou que a Accor trabalha para atualizar os sites de suas diferentes marcas, a começar por Fairmont e Sofitel. “Estamos industrializando o modelo, o que nos permitirá lançar cada vez mais sites de novas marcas em ritmo acelerado”, revelou a CDO global da rede francesa.

Distribuição

A executiva também detalhou números interessantes sobre a área, que é estratégica para qualquer player da hotelaria. Segundo a executiva, a Accor expandiu seus canais de distribuição online em 27% frente ao período pré-pandamia, para mais de 140.

Em outra frente, a empresa aprimorou o apps das diferentes marcas que estrão em seu guarda-chuva. Com isso, as avaliações dos clientes estão agora entre 4,8 de 5 estrelas nas lojas da Apple e Android, cerca de 20% melhor em comparação às avaliações de 3 e 3,5 estrelas de antes da Covid-19.

Os dois fatores acima ajudaram a Accor a expandir sua participação nas reservas diretas. A parcela do canal sem intermediação nas vendas totais da empresa, segundo a executiva, aumentou 3 pontos percentuais desde 2019. Ela atribui essa alta aos apps, que elevaram de 18% para 27% a sua contribuição nas reservas diretas.

Por fim, ela informou que, nos últimos 12 meses, o grupo hoteleiro registrou um ritmo de crescimento das reservas diretas 4 pontos percentuais superior ao das OTAs.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Accor

(**) Crédito da foto: Reprodução de internet