Uma coisa é certa: o pior da pandemia já passou e a demanda do turismo e hotelaria voltou a crescer consideravelmente. Além disso, na semana passada, a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou o fim da emergência da crise sanitária. Mas um ponto pode comprometer esse movimento de retomada: as tarifas aéreas, que continuam em alta e sem previsão de queda, segundo o Bloomberg Línea. Quais fatores contribuem para esse cenário?

Primeiramente, há falta de aviões. Grandes empresas aéreas paralisaram parte de suas frotas porque a demanda por viagens era muito fraca durante a pandemia. Agora, as aeronaves não podem ser reativadas proporcionalmente ao aumento dessa demanda.

Além disso, os consumidores estão dispostos a pagar tarifas aéreas mais altas após serem impedidos de viajar, em alguns casos por até três anos. Uma pesquisa da Bookking.com realizada com mais de 25 mil adultos que planejavam viajar nos próximos 12 a 24 meses revelou que muitos queriam compensar as oportunidades perdidas durante a crise sanitária.

“Mesmo que alguns voos possam ser um pouco mais caros do que antes, muitas pessoas ainda veem valor em gastar com viagens”, diz Marcos Guerrero, diretor sênior de Voos da OTA.

Outros fatores

Além dos pontos já elencados, outros fatores podem manter as tarifas aéreas mais caras, tais como:

Falta de pessoal: com a recuperação das viagens agora bem encaminhada, a indústria enfrenta dificuldades para recontratar no mesmo ritmo. Muitos ex-funcionários experientes decidiram mudar completamente de carreira e buscaram empregos mais estáveis.

Petróleo caro: os preços dos combustíveis desaceleraram nos últimos 12 meses, mas o petróleo ainda está mais de 50% acima da cotação de janeiro de 2019, o que cria um problema para as companhias aéreas, visto que o combustível é seu maior custo.

Lento retorno da China: segunda maior economia do mundo e fonte de quase US$ 280 bilhões em gastos anuais com turismo, a China ainda se recupera da pandemia. O governo manteve medidas de contenção do coronavírus, como lockdowns, por muito mais tempo que qualquer outro país, e as pessoas não estão muito ansiosas para arriscar viajar novamente, mesmo depois da suspensão da política de “covid zero”.

Problemas com milhas: muitos consumidores acumularam milhões de pontos e milhas aéreas com gastos nos cartões de crédito durante a crise, mas agora tem sido difícil resgatá-los devido à falta de disponibilidade de assentos nos voos.

(*) Crédito da capa: iStock