A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Pirâmides Financeiras revelou em relatório que os donos da 123 Milhas, semanas antes de anunciarem o fim do pacote Promo, transferiram dinheiro para contas pessoais e de familiares. Mesmo depois de deixar de emitir as passagens, no dia 18 de agosto, as transferências não cessaram. 

De acordo com a CPI, no dia 31 de julho foram retirados R$ 13,5 milhões do caixa da empresa, e o relatório da Comissão aponta que “os sócios da 123 Milhas, já cientes da derrocada da empresa, executaram estratégias para desviar ativos dela para si e para seus parentes”, informa o Uol

O relatório da CPI afirma, ainda, que em 29 de agosto, o pai dos sócios, José Augusto Madureira, solicitou um provisionamento para saque de R$ 839 mil. Ele era dono de uma empresa de publicidade que prestava serviços para a 123 Milhas e, portanto, recebia depósitos da companhia.

Trecho do documento da Comissão aponta que, “segundo o Relatório de Inteligência Financeira do Coaf, essa era uma operação totalmente inusual no histórico bancário do senhor José Augusto Madureira, sendo considerado muito expressivo e incompatível com seu perfil de movimentação.”

Outras informações

Foi revelado, ainda, que a OTA pedia que seus clientes mentissem para as companhias aéreas, em caso de contato por parte dessas últimas para questionar sobre as milhas. Em trecho de e-mail encaminhado por um cliente à CPI, lê-se o seguinte aviso: “Importante: Caso a cia aérea entre em contato com você, deverá informar que doou as suas milhas para algum amigo ou parente, e que está ciente de todas as utilizações.”

A Comissão solicitou o indiciamento de oito pessoas, entre elas, os sócios da companhia, Ramiro e Augusto Júlio Soares Madureira, por crimes como estelionato e gestão fraudulenta.

(*) Crédito da foto: Luis Lima/Foto Arena/Estadão Conteúdo