Sem grandes surpresas, o volume de viagens entre 2019 e 2021 recuou 41%, considerando deslocamentos domésticos e internacionais. Os dados são frutos de uma parceria entre o MTur (Ministério do Turismo) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que passaram a mapear as viagens realizadas por brasileiros nos últimos anos.

Em 2021, foram registradas mais de 12,3 milhões de viagens, sendo 99,3% em território nacional, enquanto em 2019 os brasileiros realizaram 20,9 milhões de viagens e, em 2020, 13,6 milhões. A proporção de viagens internacionais caiu de 3,8% em 2019 para 0,7% no ano passado.

A pesquisa ainda aponta que os gastos totais de viagens nacionais com pernoite somaram R$ 9,8 milhões no ano passado. O destaque vai para os meios de hospedagens, responsáveis por uma média de R$ 1.292 em despesas, seguido por alimentação (R$ 501) e transporte (R$ 442).

Por conta das restrições e reduções na malha aérea durante a pandemia, é de se esperar que o turismo de proximidade, principalmente de viagens por carro, tenha ganhado força. Segundo os dados, a modalidade representou a maior parte dos deslocamentos, com 57,2%, enquanto ônibus de linha e avião, contaram por 12,5% e 10,2%, respectivamente.

De longe, a maior parte das viagens foi motivada por questões pessoais, representando 85,4% do total, seguida por motivos profissionais, com 14,6%. Entre os principais motivos pessoais de viagem estão lazer (35,7%), visitas a parentes ou amigos (32,5%) e tratamento de saúde (19,6%), que inclui trajetos realizados para consultas médicas, internações ou cirurgias e atendimento psicológico.

Preferências

Em 2021, destinos de sol e praia perderam espaço para localidades com potencial para o ecoturismo ou aventura, tendência evidenciada no cenário pós-pandemia. Segundo o levantamento, 48,7% das viagens de lazer foram para destinos de sol e praia e 25% para turismo de natureza em 2021. Em 2020, a diferença era maior entre as modalidades, tendo registrado 55,6% e 20,5%, respectivamente. Já as viagens motivadas por cultura e gastronomia ficaram em terceiro lugar, com 16% em 2021, apenas 0,5 pontos percentuais acima do verificado em 2020.

Recortes sociais e regionais

Não é novidade que as classes mais elevadas viajaram mais. De acordo com o estudo, em 2021, 33,1% das viagens ocorreram em domicílios com renda per capita de quatro ou mais salários mínimos. Já entre aqueles com renda per capita abaixo de meio salário mínimo, o percentual ficou em 7,7% no mesmo ano.

A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua Turismo 2020-2021, revelou que São Paulo foi destaque entre os principais destinos, contando com 20,6% das viagens. Atrás do estado paulistano, estão Minas Gerais e Bahia, com 11,4% e 9,5%, respectivamente.

Impactos da pandemia

A proporção de domicílios em que algum morador viajou também sofreu queda, indo de 21,8% em 2019, para 13,9% em 2020, e para 12,7% em 2021. O estado de São Paulo respondeu por 18,2% (R$ 1,8 bilhão) de todo o gasto com turismo no país no ano passado, seguido pela Bahia (R$ 1,1 bilhão) e Rio de Janeiro (R$ 1 bilhão).

Apesar dos baques gerados pela crise, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Produtos, Serviços e Turismo) aponta que o turismo deve recuperar seu volume de receitas pré-pandemia no terceiro trimestre este ano, restabelecendo  o nível registrado em fevereiro de 2020.

(*) Crédito da foto: Michał Parzuchowski/Unsplash