O final de 2023 traz perspectivas otimistas para o turismo nacional. Após encerrar o primeiro semestre com crescimento 14,9%, o setor deve encerrar o ano aquecido. De acordo com dados da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), coletados pelo Conselho de Turismo, a indústria de viagens terá alta de 11,5% em relação a 2022.

A entidade explica que o incremento no setor é consequência de mais brasileiros viajando pelo país, o que deve manter o turismo em linha de crescimento nos próximos meses — principalmente com a chegada do final do ano e do verão.

Outro fator positivo é o retorno da agenda do turismo corporativo, impulsionada por feiras e eventos. No período de janeiro a agosto, o setor apontou um incremento financeiro de mais de R$ 12 bilhões em comparação ao mesmo intervalo de 2022, com alta de quase 11%.

Empresas de transporte aéreo de passageiros foram o grande destaque da pesquisa: ao movimentar 8,2 milhões de pessoas no mês de agosto, obtiveram receitas em torno de R$ 3,9 bilhões, o maior registro da série histórica da FecomercioSP, iniciada em 2011. Na comparação do faturamento do setor entre janeiro e agosto, a alta foi de 17,1% para 2022.

Os meios de hospedagem também colaboraram para o crescimento, com avanço de 9,8% e faturamento de R$ 1,6 bilhões em agosto. O número é explicado, nesse caso, pela alta no preço médio das diárias no Brasil, que foi de 18% no período, segundo dados do FOHB (Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil).

Dentre as atividades que também registraram aumento, estão as culturais, recreativas e esportivas (2,7%) e as agências, operadoras e outros serviços de turismo (2,5%). Já o transporte rodoviário apontou uma queda de 11,1%, em decorrência da competitividade de preços com o setor aéreo, que reduziu a tarifa média em agosto. No entanto, no mês seguinte, os preços voltaram a subir (13,47%) em virtude do impacto de grandes eventos, como o festival The Town, em São Paulo. As hospedagens também sofreram um aumento de 1,17%.

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Pressão de custos

Os números citados acima são razões para comemorar, entretanto, o turismo nacional ainda sofre com a pressão dos custos — o que o torna um setor inflacionado para o cliente final. No levantamento de setembro, a FecomercioSP destacou que a inflação no segmento cresceu 8,26% no acumulado de 12 meses.

A entidade não vê sinais de redução mais significativa nos preços dos serviços turísticos em curto e médio prazos, muito por causa da demanda aquecida. Ainda assim, o setor seguirá favorável, com pequenas variações como forma de equilibrar demanda e valores.

Nordeste em destaque no turismo nacional

Em agosto, o estado que mais faturou com turismo foi Alagoas (16,3%), seguido pela Paraíba (15,3%), que também registrou a maior alta entre janeiro e agosto (16,5%). Roraima completou o pódio, com aumento de 14% no mesmo período.

São Paulo, por sua vez, se manteve estável, ao faturar cerca de R$ 4 bilhões, apesar de não ter crescido no mesmo ritmo dos campeões do ranking — o estado possui um terço de todo o mercado de turismo brasileiro em termos de receitas.

Por outro lado, Mato Grosso do Sul (-14,3%), Amapá (-6,9%) e Ceará (-2,4%) apontaram as maiores retrações do mês. Os dados estaduais não contabilizam o faturamento do setor aéreo, por isso, o número absoluto fica diferente do total das receitas.

(*) Crédito da foto: cnaudalutti/Unsplash