De passagem pelo Brasil, Ernesto Draque visitou o Palácio Tangará esta semana. E a reportagem do Hotelier News não perdeu a oportunidade de conversar com o vice-presidente de Vendas e Marketing da Oetker Collection.

O argentino ingressou no grupo alemão em 2016, onde atuou como diretor de Vendas para a América Latina e, em seguida, foi nomeado diretor sênior do setor. Baseado em Buenos Aires, onde a coleção de hotéis de luxo possui um escritório para atender a região latino-americana, Draque possui uma ampla experiência na hotelaria.

O executivo iniciou a sua carreira na hotelaria em 1998, na área de vendas do ICH Hotels. Ali ficou por seis anos, chegando ao cargo de diretor Internacional de Vendas. Draque ainda teve passagens pela Starwood Hotels & Resorts, que agora integra o portfólio da Marriott International, além de ter respondido como gerente geral do Etoile Hotel.

Draque atuou por seis anos no Arakur Ushuaia Resort & Spa, hotel chancelado pela LWH (Leading Hotels of the World), até que deixou o empreendimento na Patagônia para ingressar na Oetker Collection.

Três perguntas para: Ernesto Draque

Hotelier News: O Palácio Tangará é, atualmente, o único empreendimento da Oetker Collection na América Latina. Existem planos para trazer outra propriedade para a região?

Ernesto Draque: No momento, nossa estratégia de crescimento está focada na Europa. Vamos continuar com nosso business core de hotéis masterpiece no continente, pois o DNA da Oetker está muito ligado à região.

Em 2024, vamos abrir nosso primeiro hotel nos EUA, o The Vineta, mas por enquanto não temos em nosso pipeline projetos na América Latina. Para nós, inaugurar um novo hotel é um desafio, abrimos uma nova propriedade a cada dois ou três anos. Somos muito lentos, pois queremos encontrar o prédio certo em destinos incríveis.

Nossa pesquisa de marketing não se baseia em tendências de mercado. Falamos com nossos clientes e estaremos onde eles desejam estar, com empreendimentos de arquitetura lendária. Prezamos pela qualidade acima do volume.

HN: O Palácio Tangará é um case de sucesso para a hotelaria de luxo brasileira, com resultados recordes. Qual o segredo do sucesso? A Oetker possui algum tipo de modelo de gestão que justifique os números?

ED: Não somos uma cadeia de hotéis que replica modelos em seus hotéis pelo mundo. É um trabalho taylor-made. O segredo da Oetker são os serviços, a gastronomia e o trabalho com pessoas locais.

No Tangará, o sucesso faz parte da proposta de trazer o luxo aos finais de semana em uma cidade como São Paulo, onde os paulistanos precisam de um lugar com uma gastronomia como a do Jean-Georges, piscinas e wellness, tudo isso alinhado a um serviço europeu.

As pessoas, a arquitetura, todo o trabalho do hotel é feito por pessoas daqui. Existe um refinamento brasileiro que o Tangará trouxe que São Paulo ainda não conhecia. É um oásis no meio da cidade.

HN: A escassez de mão de obra chegou também ao segmento de luxo. Como a Oetker busca reter e absorver talentos em seus hotéis pelo mundo?

ED: Acredito que essa debandada foi uma tendência global, pois o modo de encarar a vida mudou para todos. Entretanto, é algo que se estabilizou e já está retornando ao normal. Muitas pessoas estão voltando para a hotelaria.

A Oetker preza por valores como family spirit e true kindness. Somos uma família alemã que tem paixão pela hotelaria, não se trata apenas de um negócio. E levamos esses lemas para todos os nossos empreendimentos. Para um hoteleiro, nunca se trata apenas de trabalho. É muito mais do que isso.

(*) Crédito da foto: Nayara Matteis/Hotelier News