Chegamos oficialmente na reta final de 2022 e, no último ano, muita coisa mudou. Felizmente, para melhor. Perante o retorno da normalidade, o turismo se volta para dados como forma de entender tudo que passou até aqui e o que podemos esperar. Hoje (6), o Visite São Paulo retomou o debate sobre o futuro do segmento com o evento Summit22 – Retrospectiva e Perspectivas do Turismo, Hotelaria e Eventos, realizado na capital paulista.

Raul Sulzbacher, presidente do Visite São Paulo, deu as boas-vindas aos convidados do Summit22 e destacou a importância de atrair novas demandas para o destino. “Temos que focar no turismo interno, pois São Paulo tem mar, montanha, campo, rios, enfim, tudo que o turismo precisa. Essa riqueza precisa ser mais elaborada e explorada, pois nosso potencial é grande”.

Toni Sando, presidente executivo da entidade, adiantou a programação do evento e apresentou os convidados do dia. “Vamos debater como o mercado se comportou de 2018 até hoje”, comentou.


orlando souza

Souza compartilhou insights sobre a hotelaria

Hotelaria: o que esperar e como se preparar?

Iniciando oficialmente a rodada de palestras do Summit22, Orlando Souza, presidente executivo do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) trouxe insights e perspectivas sobre a retomada do setor hoteleiro. Como um dos segmentos mais impactados pela pandemia, os números de 2022 são animadores, mas é preciso ter cautela.

“O primeiro movimento que está acontecendo é no setor aéreo. De acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), estamos próximos da base de 2019, com -14% no número de passageiros domésticos. Já no internacional, a notícia não é tão boa, pois as pessoas ainda se sentem mais confortáveis para viajar internamente”, pontua.

Em termos de indicadores, a ocupação se mostra otimista, com demanda em plena recuperação. No comparativo com 2019, o número de quartos reservados superou os níveis pré-pandêmicos, levando em consideração os resultados até junho de 2022.

Apesar da melhoria, as diárias médias seguem como o ponto sensível da retomada. “As diárias têm muitas amarrações. Existem os preços públicos, contratados, corporativos, de lazer, de agências, de eventos, etc. Ainda estamos com um gap de -7% do que era antes da pandemia”, diz Souza.

Sobre os próximos passos, o presidente do FOHB afirma que a geração de receita será uma das prioridades, uma vez que apenas o aumento de demanda não garante uma recuperação consistente do setor. “Quando a ocupação cresce, os custos operacionais se elevam. Se a diária média não acompanha, existe um problema. Temos que trabalhar o budget para 2023, com planejamento para pensar nas capacidade de geração de receita para fazer face as despesas”.

Outro ponto positivo é o retorno dos grandes eventos na capital paulista, com um segundo semestre que promete ser ainda mais aquecido. “No lazer, as receitas já estão 30% acima de 2019, mas existem alguns fatores que temos que ficar de olho”, acrescentou o executivo.

Trabalho remoto, reuniões virtuais, multipropriedade, short-term rental, desaceleração da economia e incertezas são algumas tendências de mercado que Souza listou como relevantes para a recuperação hoteleira.


fabio zelenski

Zelenski apresentou o barômetro do turismo

O humor do setor em relação ao mercado

Em março de 2018, o Visite São Paulo passou a medir o índice de confiança do turismo. O chamado barômetro foi apresentado no Summi22 por Fabio Zelenski, diretor de Marketing da entidade. O indicador é o equilíbrio entre alguns fatores que são colocados na balança. “O humor é sobre os acontecimentos macro e microeconômicos de dentro do setor, que afetam as tomadas de decisão”, inicia o executivo.

O indicador é medido por players que atuam no turismo, como hotéis, bares e restaurantes. A confiança do setor é avaliada segundo fatores internos e externos. Nos requisitos externos, podemos destacar a economia nacional e setorial. Já os pontos internos são oriundos das análises de crescimento e faturamento das empresas para os próximos 12 meses.

O primeiro ano de avaliação foi um período de picos de otimismo e pessimismo. Por se tratar de um ano eleitoral, permeado por muitos acontecimentos, o indicador variou em um sobe e desce. “Era um ano de governo Temer ainda, que encerrou em 7 para o índice de confiança”, explica Zelenski.

O primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro trouxe à tona assuntos sobre meio ambiente, com desastres naturais como o de Brumadinho (MG). No período, o turismo foi impactado pela queda dos eventos, enquanto o Carnaval crescia como um produto turístico para a capital paulista.

Em 2020, a confiança no setor tinha tudo para seguir em alta, se não fosse pela chegada do coronavírus. “Foi um ano que começou com alto otimismo, mas que caiu drasticamente em março, após a pandemia ser decretada”, pontua o diretor.

Com o início da vacinação e a realização de eventos-teste, 2021 foi o pontapé inicial para a retomada, o que culminou em uma evolução positiva para a confiança no setor. “Eventos como a Expo Retomada, Copa América, ainda que sem público geraram otimismo. O índice só começa a descer com o cancelamento do Réveillon e com o surgimento de novas cepas”.

No primeiro semestre de 2022, a variante Ômicron, fóruns com jornalistas, ativações em aeroportos e promoções impactaram positivamente o indicador.

(*) Crédito das fotos: Nayara Matteis/Hotelier News