Como planejar os orçamentos para o próximo ano perante tantas incertezas e mudanças de mercado? Essa foi a pergunta que motivou o Hotelier News a desenvolver o Hotel Trends: Budget 2023, iniciado na manhã desta segunda-feira (15). O evento, realizado no Novotel Morumbi, traz uma programação com muitos dados relevantes e análises de especialistas e C-Levels do setor hoteleiro. Em debate, temas como precificação, projeção de demanda e tendências para a indústria de hospitalidade.

Em formato híbrido, o evento também reúne mais de 100 pessoas virtualmente. Vinicius Medeiros, editor-chefe do Hotelier News, foi o anfitrião da casa, dando as boas-vindas ao público presencial e online.

“Quando eu e o Pedro Cypriano começamos a fazer o podcast Hotel Trends, já existia o plano de escalar para um evento. Essa era uma expectativa futura que felizmente conseguimos realizar antes do esperado”, declara Medeiros.

Peter Kutuchian, CEO do Hotelier News, não pôde comparecer ao evento, mas deixou um recado para os presentes. “Gostaria de agradecer a presença de todos, aos patrocinadores e palestrantes”, iniciou. “Temos eleições este ano, então se conscientizem em votar em candidatos com atuações relevantes. As equipes do Congresso Nacional e Senado trabalham para nós e precisamos cobrar”, salientou.

Dando voz a um dos patrocinadores, Cláudio Cordeiro, diretor de Hospitalidade da TOTVS, comentou sobre suas perspectivas para o próximo ano. “A hotelaria precisa gerar receita em seus canais digitais. Que bom que temos um evento como este, que mostra como a hotelaria está voltando e reinvestindo. É importante deixar claro que teremos uma janela difícil, pois existiu um gap de investimentos na pandemia. Mesmo assim, o setor está crescendo e o turismo sinalizou isso”.

hotel trends - cypriano

Cypriano trouxe um panorama global do setor

O que esperar e como se preparar?

A primeira palestra do Hotel Trends: Budget 2023 foi ministrada por Pedro Cypriano, especialista em investimentos hoteleiros. Trazendo o tema Hotelaria no Brasil: o que esperar e como se preparar, o profissional compartilhou uma análise global do panorama do turismo e hotelaria, que servirá como pano de fundo para os conteúdos seguintes.

A primeira parte da palestra mostra qual o momento atual do setor no Brasil e no mundo. O mercado internacional vem ganhando tração e se aproximando dos patamares pré-pandêmicos. O aéreo doméstico já se recuperou em 90%, enquanto a malha para o exterior segue um pouco abaixo, em 79%.

“Com a reabertura das fronteiras, ficou uma dúvida: será que o doméstico vai diminuir? Bem, até agora isso não aconteceu. Mercados que possuem uma estrutura doméstica interessante estão se beneficiando”, diz Cypriano.

Em termos de ocupação, existe uma retomada significativa, mas não completa. Frente a 2019, todas as regiões seguem com o indicador em fase de recuperação. No caso da América do Sul, o número de UHs ocupadas está -5% inferior aos níveis pré-pandêmicos.

Outro ponto de destaque foram os balanços de grandes players para o primeiro semestre de 2022, com RevPar satisfatórios. Accor encerrou o período com -11% para o indicador frente a 2019; Marriott (-3%), Hilton (-9%) e IHG (-3,5%).

“Estamos crescendo de maneira contínua, com tendências próximas ao pré-pandemia. O saldo é positivo e começamos a discutir como trazer as pessoas para os hotéis novamente. Olhando para a demanda doméstica e internacional, nos aproximamos de 2019, mas será que essa tendência tende a mudar?”, provoca Cypriano.

A ocupação apresenta recuperação consistente, mas as diárias ainda patinam, sendo o fator de maior preocupação da hotelaria como um todo. Grandes cidades seguem atrás na retomada. No caso do lazer, os resultados surpreendem e continuam fortes. “No acumulado de janeiro de 2021 a junho de 2022, enxergamos uma ocupação 6% acima de 2019, mas diária média -7% abaixo”, pontua Cypriano.

Com o controle da pandemia, abertura da economia e intensificação da demanda, o setor de eventos voltou e promete um segundo semestre aquecido. Na hotelaria de lazer, as receitas já chegam a 30% acima do registrado em 2019. “Para 2023, me parece um resultado simples entre oferta e demanda. Começamos a ter maior clareza, com o corporativo e a economia crescendo. Entretanto, o PIB baixo, inflação e juros altos podem significar baixos investimentos”, pontua o palestrante.

Para se preparar para o próximo ano, os resorts precisam olhar os patamares de diária e ocupação, demandas de eventos, câmbio e manter o legado da pandemia em termos de eficiência operacional. Já os pontos de atenção são o crescimento de projetos de multipropriedade, ticket aéreo e inflação.

Os hotéis urbanos precisam estar atentos aos grandes eventos, nova demanda de lazer e reservas reprimidas. Por outro lado, novos competidores, economia frágil, reuniões virtuais, diárias modestas e ocupação abaixo do nível sazonal seguem como os principais empecilhos.

(*) Crédito das fotos: Bruno Churuska/Hotelier News