Com um mercado de 89 milhões de visitantes anuais e investimentos superiores a R$ 13 bilhões, o setor de parques, atrações turísticas e entretenimento no Brasil vive sua plena fase de expansão e aquecimento. O estudo Panorama Setorial, desenvolvido pela Adibra (Associação Brasileira de Parques e Atrações) e Sindepat (Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas) aponta dados importantes do segmento que anda lado a lado com a hotelaria.

Produzido pela Noctua — empresa especializada em inteligência de mercado em hospitalidade e entretenimento — o levantamento revela que há cerca de 63 novos projetos de parques e atrações em fase de estruturação. Nesta etapa, os investimentos chegam a R$ 9,6 bilhões. Do total, ao menos 31 têm abertura programada para este ano. Mas nem só de novidades vive o setor — além desse montante, os parques e atrações já instalados têm reinvestimentos da ordem de R$ 3,7 bilhões para os próximos anos.

“Esses números comprovam a percepção que tínhamos da forte expansão do nosso setor. Ao longo do ano passado, como mostra o estudo, parques e atrações recuperaram o número de visitantes, com muitos superando os índices pré-pandemia”, avalia Murilo Pascoal, presidente do Conselho do Sindepat.

Segundo o executivo, a recuperação da visitação é parte fundamental para o retorno dos investimentos no segmento. “Assim como os incentivos governamentais que ajudaram o setor a sobreviver e manter empregos no período mais duro da pandemia. O estudo nos mostra que estamos falando de um mercado anual de 89 milhões de visitantes no Brasil, com expectativa de crescimento de 18% ainda neste ano”, completa.

Vanessa Costa, presidente da Adibra, salienta que as medidas governamentais contribuíram para o alto volume de aportes. “Os incentivos fiscais concedidos possibilitam a manutenção das operações das empresas do setor, a realização de investimentos e motivam, inclusive, o aumento dos volumes investidos”, defende. Os investimentos previstos acontecem em ao menos 16 estados e devem criar 11 mil empregos diretos.

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Balanço do setor

Em 2022, o setor de parques e atrações turísticas faturou R$ 7,1 bilhões. Para o desenvolvimento do Panorama Setorial, as empresas foram divididas em seis grupos: parques temáticos; parques aquáticos; parques naturais; parques itinerantes; atrações turísticas; e FECs (centros de entretenimento familiar).

“Não se trata de um censo da oferta. Mais do que dizer, neste primeiro estudo, qual é a totalidade de empreendimentos no Brasil, identificamos os 500 principais e os grandes números a eles relacionados. Nosso estudo considerou essas seis categorias, com grande diversidade entre si”, conta Pedro Cypriano, fundador e managing partner da Noctua.

Geograficamente, as mais de 500 empresas identificadas no estudo estão localizadas em 24 estados, com destaque para as regiões Sudeste (44%); Nordeste (23%) e Sul (17%), mostrando concentração nos principais eixos urbanos e turísticos.

Responsável por 35 mil empregos diretos, o setor é fortemente impactado pela sazonalidade, chegando a contratar outros 13 mil funcionários temporários nas altas temporadas. “Os parques e atrações são âncoras do desenvolvimento turístico, impactando fortemente na economia em que estão inseridos e com grande geração de empregos indiretos”, ressalta Pascoal.

De acordo com dados do Sindepat e da Adibra, o setor responde por mais de 130 mil empregos indiretos. “Também temos uma importância significativa na entrada de jovens no mercado de trabalho, o que nos traz a responsabilidade da capacitação de mão de obra”, acrescenta Vanessa.

E o segmento de parques e atrações não beneficia apenas a si mesmo, como também é um importante elo do ecossistema turístico como um todo. O estudo revela que 25% na oferta analisada — com exceção das FECs e dos parques itinerantes — está atrelada a um negócio complementar, como hotelaria, timeshare ou multipropriedade.

“A sinergia entre os diferentes modelos de negócio é notória e tem propiciado inúmeros investimentos no Brasil, como mostra o perfil dos futuros investimentos”, analisa Cypriano. “Além de projetos stand-alone, investimentos em entretenimento também são âncoras de complexos hoteleiros, de timeshare e multipropriedade. Dos 63 novos projetos identificados, 40% estão atrelados a outros negócios”, completa.

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Famílias com crianças ou jovens de até 17 anos representam 41% dos visitantes dos parques fixos e atrações turísticas e 52% das FECs e dos parques itinerantes. Nesses, até 58% têm renda familiar de até R$ 7 mil, enquanto nos parques fixos e atrações esse índice é de 51%. Enquanto os parques fixos têm 58% das respostas de visitantes regionais e nacionais (distância superior a 100 km do projeto), 58% das demandas das FECs e parques itinerantes são locais.

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Projetos e investimentos

Dos 63 novos investimentos identificados, que somam R$ 9,6 bilhões, temos:

  • 20 atrações turísticas
  • 18 parques aquáticos
  • 13 parques temáticos/de diversão
  • 9 parques naturais (em processo de concessão à iniciativa privada)
  • 3 FECs

“Nossa indústria vive de inovação. São as novidades que garantem o retorno dos visitantes, por isso muitos dos parques e atrações já têm investimentos programados no médio e longo prazo”, explica Murilo. Segundo o estudo, a média de reinvestimento nos parques e atrações instalados corresponde a aproximadamente 7% do faturamento anual das empresas para os próximos três anos.

Os novos investimentos estão geograficamente divididos em:

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A pesquisa aponta ainda que a confiança no setor é alta, mas o cenário macroeconômico pode ser um risco. “É alta a crença no potencial do setor de parques, atrações turísticas e entretenimento no Brasil. No entanto, alguns fatores também preocupam os empresários, com destaque à disponibilidade de mão de obra qualificada e às incertezas macroeconômicas”, avalia Cypriano. “Volume de visitantes, poder de consumo e infraestrutura do país tiveram notas moderadas, com potencial de melhoria”, completa.

O prazo de conclusão dos novos investimentos está previsto para:

  • 33% em 2023
  • 8% em 2024
  • 21% em 2025
  • 38% após 2025

“O entretenimento tem mudado o potencial de desenvolvimento de destinos turísticos e seguirão induzindo nova visitação em diversas cidades do Brasil”, finaliza Cypriano.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Aviva

(**) Crédito das imagens: Divulgação/Sindepat