Recentemente, o Selina fechou um acordo de investimento estratégico de até US$ 50 milhões, liderado pela GUS (Global University Systems) – que administra universidades com fins lucrativos. O capital extra começa com a injeção de imediatos US$ 10 milhões — aporte que ajudará no balanço da rede.

O grupo hoteleiro revelou que sofreu um prejuízo líquido de US$ 30,3 milhões e uma receita de US$ 54 milhões no primeiro trimestre. A rede tinha US$ 23 milhões em caixa em 31 de março deste ano. Os números não são um bom indicativo para uma empresa que abriu capital na bolsa de valores há pouco mais de seis meses.

O Selina estreou na Nasdaq no ano passado a US$ 9,75 por ação e fechou ontem (26) em cerca de US$ 1,20. A rede foi uma das empresas do setor de viagens que abriram capital nos últimos dois anos por fusão com SPACs (Special Purpose Acquisition Company).

Rafael Museri, cofundador e CEO do Selina, culpou o rápido aumento das taxas de juros por encurtar o cronograma que ele esperava ter para direcionar sua empresa para a lucratividade.

“O aumento mais rápido da taxa de juros na história matou o apetite de investir em empresas em crescimento e deu combustível aos fundadores que querem conquistar o mundo”, disse em entrevista ao Skift. “As empresas que sobreviverão serão aquelas que administrarem a mudança com rapidez suficiente. Estamos mudando a cultura da empresa de uma cultura de crescimento para uma cultura de lucratividade”, acrescentou.

O Selina revelou que sua receita no primeiro trimestre aumentou quase 32%, parcialmente impulsionada por um aumento de 11 pontos na ocupação média. Seu prejuízo líquido também havia diminuído.

Museri disse estar orgulhoso do progresso da empresa em melhorar seu quadro de fluxo de caixa. Excluindo certos itens, o executivo afirmou que a rede teve US$ 8,5 milhões negativos em fluxo de caixa livre no primeiro trimestre, em comparação com US$ 16,9 milhões negativos um ano antes.

Os prejuízos, entretanto, levarão ao corte de cerca de 350 funcionários em tempo integral até outubro. A rede fechou cinco propriedades que contribuíram para 41% de suas perdas operacionais em nível de unidade no ano passado.

Injeção de capital em fases

De acordo com o CEO, a GUS chega para um acordo de longo prazo. “Eles têm mais experiência do que nós em como construir uma operação bem-sucedida em vários países, e estamos atingindo o mesmo público-alvo.”

Os detalhes do acordo ainda estão sendo detalhados, mas ambos apontam para uma possível colaboração. A GUS disse que atende cerca de 100 mil alunos em período integral por ano, além de muitos outros por meio de educação online. No nível mais simples, poderia fazer vendas cruzadas para seus estudantes presenciais e remotos visitando as propriedades do grupo.

“As propriedades do Selina, muitas das quais já exalam a atmosfera vibrante dos campi universitários, são extremamente relevantes e incorporam o futuro do aprendizado contínuo”, disse Aaron Etingen, CEO da GUS. “Nossa visão é ultrapassar os limites da educação convencional, oferecendo oportunidades de aprendizado acessíveis em todo o mundo.”

“São operadores incríveis e detalhados com negócios muito bem-sucedidos”, garantiu Museri. “Eles estão operando para o mesmo público-alvo e entendem os valores dessas gerações”, complementou.

Depois de garantir um financiamento extra de US$ 20 milhões, provavelmente de outras partes, o GUS promete injetar outros US$ 10 milhões por meio de um investimento privado em patrimônio público (ou PIPE) e US$ 10 milhões adicionais em um investimento PIPE ou dívida conversível.

Museri e seu cofundador Daniel Rudasevski estão garantindo pessoalmente as obrigações do Selina sob os acordos de dívida conversível, reforçados por uma garantia corporativa de seu veículo de investimento.

Várias condições devem ser atendidas para que todo o dinheiro seja desembolsado. Na melhor das hipóteses, há espaço para até US$ 20 milhões adicionais em financiamento – para um total de US$ 70 milhões.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Selina