Com previsão de início em outubro, as restrições de voos no aeroporto Santos Dumont ainda devem ser analisadas com maior profundidade. Visando a revitalização do Galeão, o terminal central do Rio de Janeiro deve receber apenas operações de Congonhas (São Paulo) e de Brasília. Entretanto, os dois aeroportos juntos somam menos da metade dos passageiros que embarcam e desembarcam no terminal carioca, de acordo com dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Após tratativas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para elevar a demanda no Galeão, o prefeito Eduardo Paes anunciou o plano de restrição no Santos Dumont e recebeu amplo apoio de Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro.

O alinhamento entre a União, governo e prefeitura ressalta a necessidade de reverter o esvaziamento do terminal localizado na Zona Norte do Rio. Todavia, alguns números precisam ser considerados.

De acordo com dados da Anac, o Santos Dumont recebeu um total de 9,9 milhões de passageiros pagos em 2022. A conta inclui voos com origem ou destino no terminal. No mesmo período, as ligações do aeroporto carioca com Congonhas e Brasília, somadas, movimentaram 4,1 milhões de passageiros. O número equivale a 41,4% da movimentação total no ano passado.

Em 2023, os resultados parciais de janeiro a abril apontam um cenário similar. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, o Santos Dumont recebeu 3,8 milhões de passageiros, entre embarques e desembarques, diz a Anac.

Na soma das ligações com Congonhas e Brasília, o número de viajantes foi de quase 1,5 milhão no mesmo período. Essa quantia corresponde a 38,9% do total de passageiros que decolaram ou pousaram no Santos Dumont de janeiro a abril de 2023. Vale lembrar que o terminal opera apenas voos domésticos.

Restrições em estudo

A Infraero, responsável pela administração do Santos Dumont, disse à Folha de São Paulo que segue as diretrizes do governo federal e que está em tratativas junto ao Ministério de Portos e Aeroportos para que sejam cumpridas as determinações relacionadas ao terminal.

Os números da Anac colocam em dúvida a viabilidade financeira das restrições, contudo, a Infraero afirmou que as conclusões das tratativas apontarão a sustentabilidade do acordo.

Márcio França, ministro de Portos e Aeroportos, declarou na segunda-feira (19) que a redução de voos no Santos Dumont será feita de maneira gradual.

(*) Crédito da foto: Eduardo Anizelli/Folhapress