A 18ª edição da SAHIC Latin America & The Caribbean chegou ao fim hoje (12), em Lima, no Peru, após dois dias de intenso networking e bom conteúdo sobre as tendências, desafios e oportunidades na área de desenvolvimento hoteleiro da região. No geral, com o contexto macroeconômico mais complexo para os projetos greenfield, a expectativa das redes internacionais presentes no evento é que o motor da expansão sigam sendo as conversões, com as chamadas soft e collection brands (contratos de franquia) ganhando espaço na América Latina. Chamou atenção também o interesse declarado das cadeias norte-americanas pelo mercado brasileiro.

O tamanho do mercado doméstico e o ganho de performance recente dos hotéis no país – e ainda têm espaço para crescimento, depois de dois anos muito difíceis para a indústria – são as principais razões desse interesse. Em paralelo, quem já tem boa presença no país, como Accor e Wyndham Hotels & Resorts, segue com seus planos de expansão no Brasil, que foi notícia também na SAHIC por ser a sede da próxima edição. O encontro será realizado nos dias 24 e 25 de março de 2025, no Fairmont Copacabana (veja Hotel In Loco), no Rio de Janeiro.

“Grande prazer voltar ao Rio de Janeiro depois de tantos anos, e ainda mais sendo no mesmo hotel da edição anterior”, disse Arturo Garcia Rosa, presidente e CEO da SAHIC. “Nosso evento é, sobretudo, uma ferramenta de apoio ao desenvolvimento hoteleiro na América Latina e, de fato, a indústria estava esperando esse retorno ao Brasil. Estamos muito empolgados”, completou.

De volta ao interesse das grandes redes no mercado brasileiro, há de fato uma intensa movimentação. Quer um exemplo? Praticamente todas essas empresas – entre elas Accor, Marriott, Hilton, Wyndham, Hyatt Hotels e IHG – conversaram ou apresentaram propostas formais para embandeirar o antigo Tropical Manaus, em uma das concorrências mais disputadas do país nos últimos tempos. Em paralelo, com as franquias no radar dessas redes, tem sido constante as conversas desses players com operadores hoteleiras nacionais.

“A história da Hyatt no Brasil é contada por meio de quatro hotéis, todos eles de propriedade da companhia e administrados por nós. Agora, precisamos crescer mais no país e vamos fazer isso de forma diferente, com uma estratégia asset light”, revelou Cristiano Gonçalves, vice-presidente de Desenvolvimento para Caribe e América do Sul da Hyatt Hotels, em entrevista ao Hotelier News durante a SAHIC. “Uma das formas mais populares de conduzir essa expansão é por meio de franquias, e para isso precisamos ter bons parceiros investidores e operadores. Hoje, temos várias conversas em andamento nesses dois lados da equação”, completou.

Estratégia similar

Mesmo Accor e Wyndham, que já têm posições mais consolidada no país, vão seguir caminhos parecidos para crescer no Brasil. No geral, essa estratégia passa por contratos de franquias em praças secundárias e terciárias e de administração em propriedades de luxo em mercados centrais. Um bom exemplo é a Marriott, que, com a aquisição da City Express concluída, quer acelerar a expansão da marca no Brasil.

SAHIC - Executivos

Executivos de grandes redes estão de olho no Brasil

“Estamos adaptando a marca para o Brasil e, de início, vamos apostar nas cidades grandes, onde entendemos ter mais oportunidades, sobretudo por meio das conversões. Posteriormente, focaremos nas praças secundárias e terciárias em projetos greenfield”, pontuou Bojan Kumer, vice-presidente regional de Desenvolvimento da Marriott International para América Latina. “Em paralelo, analisamos projetos de luxo no país, muito embora tenhamos assinados contratos relevantes neste segmento recentemente”, endossou.

Recém-contratado pelo IHG, Pedro Freire afirmou que vê grande potencial nas praças secundárias para a rede britânica. “Claro que as capitais têm peso maior, mas não temos preferência exclusiva por elas. Vemos muito potencial para cidades secundárias e terciárias, que têm uma demanda interessante, e com hotéis que necessitam da força de uma marca e maior poder de distribuição”, explicou. “Vejo muito potencial para nossas marcas nesses locais, principalmente nossas bandeiras limited services por meio de franquias”, continuou.

O interessante é que não são só as grandes redes que estão de olho no mercado brasileiro. Operadoras internacionais também querem entrar aqui, caso da Aimbridge Hospitality, que é a maior administradora multimarcas do mundo. CEO da empresa para a América Latina, Leandro Castillo disse que o desejo de chegar ao país é antigo e que, a cada dia que passa, esse momento está mais próximo. Questionado sobre a melhor maneira de fazer isso, o executivo foi claro

“Sem dúvidas por meio de uma aquisição. Temos que entrar no país com um capital humano que conhece e sabe como o mercado funciona. E, claro, já com uma musculatura”, destacou o CEO da empresa, que já esteve envolvida em boatos relacionados à uma possível compra da Atlantica no passado.

Exportando soluções

Em relação aos novos projetos, os chamados new buildings pipocarão pela América Latina, mas em menor volume do que as conversões e mais direcionados para o segmento de lazer (all inclsuive) e de luxo. No caso do último, por exemplo, o componente residencial será marcante, com as chamadas branded residences ganhando espaço por viabilizar um retorno mais rápido para os desenvolvedores imobiliários, que apostam nas marcas hoteleiras para atrair compradores e elevar o valor do metro quadrado. Exemplos não faltam na América Latina e no Brasil, casos do W Gramado e do Faena São Paulo, que será devem iniciar vendas em breve.

Em paralelo, com criatividade e um “toque tupiniquim”, o Brasil seguirá crescendo no mercado de lazer, com a Wyndham ocupando um espaço relevante nesse mercado. “Na minha visão, existem instrumentos que possibilitam financiar novos projetos na região, casos do condo-hotel e da multipropriedade, que são case de sucesso no Brasil. Temos muitos projetos desse tipo no Brasil e, até em função disso, temos 40% de novos projetos em nosso pipeline da América Latina”, finalizou Gustavo Viescas, CEO da rede norte-americana nas Américas.

* O jornalista viaja a convite da organização da SAHIC

(*) Crédito das fotos: Vinicius Medeiros/Hotelier News