A 18ª edição do SAHIC Latin America & The Caribbean, principal evento de desenvolvimento hoteleiro na América Latina, teve início hoje (11) em Lima, no Peru. O encontro, que conta com o Hotelier News como media partner oficial, concentra toda sua programação nas perspectivas do desenvolvimento hoteleiro, reunindo redes, desenvolvedores e consultores imobiliários, além de investidores de diferentes perfis. A conferência terminará amanhã (12), no Westin Lima Hotel & Convention Center.

A programação da manhã de hoje teve como principal objetivo informar o público sobre o macroambiente que envolve o mercado hoteleiro da região. Economista-chefe do CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina), Reinier Schliesse abordou as condições e perspectivas econômicas para 2024, destacando que o cenário é de desaceleração global, o que também impacta a América Latina.

SAHIC - Edição_2024

Executivos das redes estão na SAHIC

No contexto mundial, as projeções mostram baixo crescimento para a economia global, motivado principalmente pela combinação de inflação e taxas de juros em patamares altos. “As projeções para 2024 indicam que o PIB (Produto Interno Bruto) mundial crescerá 3,2%, com as economias avançadas crescendo um pouco menos (+2%) e as emergentes tendo incremento maior (+4%)”, disse, acrescentando alguns riscos persistentes para o crescimento econômico.

“Os mercados de trabalho globais mostram sinais de desaceleração, enquanto a produção industrial nos países desenvolvidos está estagnada. Ao mesmo tempo, o motor do mundo na última década, a China, apresenta sinais de desaceleração”, destacou o executivo do CAF. “Outro ponto é que as taxas de juros globais estão se acomodando em um patamar mais alto do que os níveis históricos, o que deve resultar em custos de financiamento mais altos nos próximos anos”, continuou.

Apesar desses riscos, Schliesse afirmou que a possibilidade de uma grande recessão parece afastada, em condições normais obviamente (sem um grande conflito global ou uma nova pandemia, por exemplo). Além disso, destacou que os desafios macroeconômicos afetarão os países latino-americanos de maneiras diferentes, com o Brasil se destacando frente às demais nações da região, o que naturalmente se reflete no turismo e na hotelaria. Isso se deve, primeiramente, ao tamanho da economia nacional. Em segundo lugar, em um fator decorrente do anterior, porque o desenvolvimento dos dois segmentos está pautado no mercado doméstico.

“Com as perspectivas de crescimento mais baixo nas economias centrais, é provável que os mercados mais dependentes desse fluxo turístico sofram impactos maiores”, observou Schliesse.

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Setor precisa ser criativo para seguir expansão

Para complementar o contexto atual do macroambiente para a região, Patricia Boo apresentou, por meio de uma série de dados, algumas mensagens-chave para todos os hoteleiros. “Acho que a palavra que melhor resume 2024 e o cenário daqui para frente é normalização”, destacou a Área Manager Latam da STR. “A comparação com 2019 já perdeu sentido, tanto para preços, quanto para ocupação. Dessa forma, a partir de agora, as bases de crescimento serão menores”, enfatizou.

Um ponto positivo para as perspectivas da hotelaria na região, especialmente na América do Sul, é que a oferta futura de quartos é reduzida, segundo os números da STR. “São 57 mil UHs previstas, sendo que a maioria tem marcas hoteleiras internacionais associadas”, comentou Patricia. Diante desse cenário, ela deixou outra mensagem importante aos presentes: o setor precisa aproveitar as oportunidades de mercado que surgem, e os eventos são bons exemplos disso.

Com base em dados da performance dos hotéis durante a passagem de Taylor Swift por São Paulo e Rio de Janeiro, Patricia demonstrou como grandes eventos como esse são oportunidades vitais para aumento da diária média e da ocupação para o ano como um todo. “Diante das bases de crescimento mais baixas que marcarão o ano, são oportunidades nas quais os RMs (revenue managers) precisam estar atentos”, complementou.

Estratégia futura?

Diante de todo esses contextos macroeconômico e de normalização citados por Schliesse e Patricia na SAHIC, como as grandes redes internacionais pretendem garantir uma expansão sustentável? Como atrair novos investimentos neste macroambiente mais desafiador com taxas de juros menos atrativas? Basicamente, a palavra-chave é criatividade e, quem diria, uma jaboticaba brasileira ganha espaço.

Gustavo Viescas, por exemplo, acredita que ativos imobiliários como condo-hotéis e multipropriedade, que pulverizam o capital do empreendimento, são formas de financiar novos projetos. “A verdade é que temos que ser criativos para seguir avante. Agora, sim, temos que pensar também em outras alternativas e oportunidades”, comentou o CEO da Wyndham Hotels & Resorts na América Latina e Caribe durante o primeiro dia da SAHIC.

* O jornalista viaja a convite da organização

(*) Crédito das fotos: Vinicius Medeiros/Hotelier News