Confirmado para acontecer nos dois primeiros fins de semana de setembro – de 2 a 4 e, depois, de 8 a 11 – o Rock In Rio está de volta em mais uma edição após dois anos de restrições a grandes eventos devido à pandemia. O festival de música, um dos maiores do mundo, reunirá artistas como Post Malone, Guns n’ Roses, Coldplay, Green Day e Iron Maiden, entre outros. Obviamente, com um evento nessa proporção, os setores de hotelaria e turismo renovam suas expectativas de elevar os indicadores.

Segundo o G1, estima-se um público de 700 mil pessoas nos sete dias de Rock In Rio, que contará com 250 shows. Além disso, a organização do evento espera que, até o início do festival, sejam criados 28 mil empregos.

Diante deste cenário, hotéis e empresas de turismo se preparam para atender a um aumento substancial de demanda para o período do evento. Esse aumento no fluxo turístico deve consolidar de vez a recuperação do setor e da hotelaria, visto que ambos foram os mais afetados pela crise sanitária que se estendeu pelos últimos dois anos.

Hotelaria: expectativas

Em entrevista ao Hotelier News, Karina Goes, gerente de Operações do LSH by OWN LifeStyle Hotel, afirma que o empreendimento terá bons indicadores no período. “Entramos no segundo semestre já com 98% de ocupação prevista para o período do Rock In Rio. Devido à grandiosidade do evento, muitos turistas optaram por garantir suas reservas com muita antecedência”, explica.

“Também sempre há os que reservam de última hora e, para esses, é melhor correr, pois a cidade já está entrando no clima, e o setor hoteleiro está bem movimentado. Próximo do evento, os telefones não param, a procura está cada vez mais acirrada, afinal o LSH tem um grande diferencial: está localizado a poucos minutos da Cidade do Rock”, completa.

A executiva explica ainda que o hotel criou, para o período, diversas atrações para os hóspedes. Entre elas, está o Warm Up LSH by OWN Rock, que acontece nos dias do festival no bar do empreendimento. A atração conta com DJ e decoração temática.

“A diferença deste ano para a última edição é que, em 2019, houve muitas reservas last minute. Após este longo período que passamos de coronavírus, o viajante se preocupou em se organizar com mais calma e antecedência. Além disso, muitas pessoas que já conheciam o hotel estão retornando e as OTAs impulsionaram muito esse movimento. Agora, mais próximo do evento, estamos com mais venda direta”, complementa.

Michael Nagy, diretor Comercial do Fairmont Copacabana, reforça a boa expectativa e diz que o hotel espera lotação máxima no período do festival. “Esperamos casa cheia, como em todas as edições do Rock In Rio. É um evento que contribuirá para a economia da cidade e, mais especificamente, para o setor hoteleiro”, destaca.

“As reservas para o período têm aumentado muito rapidamente. Desde o lançamento da edição deste ano, já entramos em contato com nossos clientes, informamos os pacotes que temos e fizemos várias ações de divulgação. Estamos fazendo um trabalho conjunto com o festival para promovê-lo, além de um trabalho com agências e OTAs”, finaliza.

Em nota, o HotéisRIO (Sindicato dos meios de hospedagem do Município do Rio de Janeiro), informou que a média de quartos reservados para a primeira semana do festival já é de 61,36%. Entre os bairros mais buscados, estão a Barra da Tijuca/São Conrado (79,12%), Ipanema/Leblon (72,18%), Flamengo/Botafogo (57,85%), Leme/Copacabana (53,95%) e Centro (42,05%).

Rock In Rio - HotéisRIO_Alfredo_Lopes

Lopes: hotéis têm boa expectativa  para o período

Na segunda semana, os números prometem ser ainda maiores, com média de 72,32% dos quartos reservados. Barra da Tijuca/São Conrado aparecem novamente como os bairros mais buscados, com 86,76%. Em seguida, aparecem Flamengo/Botafogo (83,24%), Ipanema/Leblon (77,05%), Centro (64,44%).

“Eventos como o Rock In Rio trazem muitos turistas para nossa cidade e movimentam diversas cadeias econômicas – hotéis, bares, restaurantes e empresas de transporte. Todos ganham e é por isso que a hotelaria trabalha pela construção de uma agenda de eventos artísticos e corporativos robusta e duradoura”, afirma Alfredo Lopes, presidente do HotéisRIO.

“O festival é também bastante positivo para a hotelaria da Barra, Recreio e arredores, que costumam ser os bairros mais concorridos em função da proximidade do local de realização do evento”, conclui.

O relatório do sindicato destaca que, na última edição do festival, a primeira semana gerou 78% de ocupação. Já a segunda atingiu 87%.

Turismo

Com esse conjunto de bons números, a expectativa é que a economia da cidade como um todo se beneficie, visto que o turismo movimenta uma série de cadeia de negócios, como observou Lopes. O Rio CVB (Rio Convention & Visitors Bureau), por exemplo, divulgou uma estimativa de receita na casa de US$ 158,4 milhões para a cidade em decorrência do evento, com geração ainda de US$ 7,9 milhões em ISS para o município. Os cálculos são baseados no gasto médio per capita com despesas de hospedagem, alimentação, transporte no Brasil, compras pessoais e turismo na cidade.

“O Rock In Rio se consolidou como um dos maiores festivais do mundo e se tornou, junto com o réveillon e o carnaval, um dos principais eventos do Rio de Janeiro, gerando impacto positivo para a cidade como um todo. Estamos muito otimistas com a realização do festival depois de uma pausa de três anos. Por isso, trabalhamos constantemente para captar novos eventos para a cidade, a fim de movimentar o turismo ao longo do ano”, diz Roberta Werner, diretora do Rio CVB.

“Nossa cidade tem uma vocação natural para grandes eventos, e o Rock In Rio é prova disso. Depois de três anos, vamos receber centenas de milhares de turistas, que querem ver o maior festival de música do mundo. Um evento dessa magnitude e que carrega nossa marca no nome tem o enorme potencial de promover ainda mais a cidade, levantar a autoestima do carioca e girar a roda da economia com a geração de milhares de empregos”, completa Antônio Mariano, secretário municipal de Turismo.

Demanda aérea

Com base nos voos previstos até o momento, o RIOgaleão, parceiro do RioCVB, espera incremento de aproximadamente 22 mil passageiros de 1º e 15 de setembro. O número representa aumento de 11% em relação à primeira quinzena do mês anterior. No total, são esperados 133 voos extras para o período, reforçando as rotas já existentes, como São Paulo, Maceió, Recife, e adicionando três novos destinos: Curitiba, Florianópolis e Salvador.

Por outro lado, a alta das passagens aéreas pode comprometer essa demanda. De acordo com números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, entre os 367 subitens que compõem o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), os bilhetes acumulam a maior alta dos últimos 12 meses, de exatos 123,26%.

Nas principais companhias aéreas brasileiras, o preço médio das passagens para o período varia de R$ 700 a R$ 3 mil, saindo do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) para o Santos Dumont, na capital fluminense. Vale lembrar que esses valores são referentes apenas à ida, o que vem levando o viajante a buscar novas alternativas para chegar à Cidade Maravilhosa, caso das viagens rodoviárias.

Demanda rodoviária

Segundo relatório da Buser, empresa que intermedia viagens de ônibus, já foram realizadas mais de 31 mil reservas para o Rio de Janeiro entre os dias 1º e 12 de setembro. A estimativa da startup é transportar mais de 55 mil passageiros para a cidade durante o período. Na comparação com o mesmo período do ano passado, por exemplo, o aumento na procura é de 22%. Já frente ao início de junho deste ano, a demanda mais do que dobrou. Já na comparação com o começo de agosto, a alta é de 77%. Por isso, para atender à alta da demanda, a Buser acionou as empresas fretadoras parceiras para abrir mais 200 novos grupos de viagem.

Em nota, a empresa informou ainda que as cidades paulistas concentram a maior procura por reservas, atingindo 61%. Em segundo lugar, aparece Minas Gerais (27%) e, em seguida, Espírito Santo (10%). A alta também foi registrada por viajantes de cidades do Rio de Janeiro, Goiás e Bahia.

Pacotes de viagens são alternativa

Em entrevista ao Hotelier News, Daniela Araujo, diretora de Produtos Aéreos da Decolar, afirmou que a procura cresceu 20% em relação ao mesmo período do ano passado. São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Goiânia e Curitiba aparecem como as cidades que mais buscam pelo Rio de Janeiro.

“O segmento de turismo está ansioso para receber as pessoas novamente e não tenho dúvidas de que no Rock In Rio será assim. Estamos registrando um número muito grande de pessoas passando pelos nossos canais diretos. Fizemos um estudo e constatamos que, em média, 95% dos viajantes da América Latina passaram por algum canal nosso antes de comprar, fazendo buscas por passagens e pacotes”, pontua.

A executiva destaca que, neste cenário, a busca por voos com tarifas flexíveis aumentou. Além disso, ela reforça que a personalização dos pacotes de viagens tem sido uma alternativa adotada pela empresa. “Quando você monta um pacote nos nossos canais, chega a pagar até 35% menos do que se comprar separadamente na própria página da Decolar. Só o fato de comprar tudo junto oferece melhores condições. Assim, o cliente já sai com a experiência pronta”, diz.

“Assim, temos a nossa parceria com a Stays.net, que permite ao viajante montar seu pacote como quiser, seja com hotel ou aluguel por temporada, dependendo da configuração da viagem”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Reprodução/CNN Brasil

(**) Crédito da foto: Divulgação/HotéisRIO