Divulgada esta semana, a mais nova edição do Radar Resorts Brasil mostra que os empreendimentos associados mantiveram um ritmo forte de vendas no terceiro trimestre de 2022, superando em muito os níveis pré-pandemia. No período, o TrevPar dos resorts subiu 65% em relação a igual período de 2019, atingindo R$ 1.030,00. Já o TrevPor avançou 47% na mesma base comparativa, chegando a R$ 1.642,00. Visto que a ocupação cresceu “apenas” 12% nos três meses encerrados em setembro, conclui-se que os números positivos na receita por quarto do setor ocorreram muito mais pelo incremento das diárias médias, o que é uma excelente notícia.

“Estamos em um período muito estratégico para o setor de turismo, quando já finalizamos as preparações para a alta temporada e de olho no futuro. O Radar Resorts Brasil se tornou um documento essencial para os associados. É um verdadeiro mosaico no qual dados vitais da economia nacional se refletem nas tomadas de decisões relacionadas a investimentos, contratações, estruturação, expectativas, entre outros fatores que todo executivo de turismo precisa estar de olho”, afirma Marcelo Picka Van Roey, presidente da Resorts Brasil.

O cenário otimista se confirma também na análise ajustada à inflação (veja infográfico abaixo), que apresentou alta de 21,8% desde setembro de 2019. Neste cenário, o TrevPar cresceu 36% frente ao terceiro trimestre de 2019, enquanto o TrevPor teve alta de 21%. O resultado é bastante positivo, mas é importante lembrar que, embora seja o indicador básico do mercado financeiro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) não traduz exatamente a pressão inflacionária sobre os custos dos resorts brasileiros. Sabe-se, por exemplo, que os preços de alguns insumos alimentícios no período avançaram mais do que o IPCA.

De qualquer forma, os números da Resorts Brasil indicam que os associados conseguiram corrigir suas tarifas, muito provavelmente com folga, a inflação acumulada desde o período pré-pandêmico. Além do câmbio alto, que inibe os turistas brasileiros de viajarem para o exterior, outro fator ajuda a explicar o resultado positivo do setor. Diferentemente de crises econômicas anteriores, marcadas por intensa queda de demanda, a pandemia não afetou o desejo e a capacidade financeira do público-alvo dos resorts brasileiros de viajar. O tempo mostrou, ao contrário, que havia uma imensa demanda represada, que foi bem captada pelo segmento de lazer no geral.

Resorts Brasil - Radar Resorts Brasil_infográfico 1

Apesar dos bons resultados, há desafios esperando os resorts brasileiros, como observa Rodrigo Galvão, diretor geral do Transamerica Comandatuba e membro do Comitê de Inteligência de Mercado da Resorts Brasil. “A retomada se apresenta em diferentes aspectos nas regiões do Brasil, sendo os resorts de praia pressionados por aumento mais expressivo nas suas receitas que nas taxas de ocupação, e os de interior no sentido inverso. Os de praia consolidaram a retomada da ocupação e diária média a partir de agosto, e os de interior já em julho”, explica.

“O mercado está em constante mudança de dinâmica, afetado pela pressão excessiva de custos inflacionários, que explicam grande parte do aumento da diária média. Além disso, as passagens aéreas alteraram os destinos de eventos, com as empresas buscando reduções de custos logísticos. Toda a cadeia está se readequando para a consolidação da retomada, sendo 2022 um ano promissor a nível de resultados”, complementa Galvão, evidenciando a recuperação mais expressiva da demanda de lazer, enquanto a de negócios ainda enfrenta desafios.

Resorts Brasil: outros dados

Como citado por Galvão, os números do Radar Resorts Brasil (acesse o documento completo) mostram que, no terceiro trimestre, houve diferença de desempenho entre os resorts de praia e de interior. O primeiro grupo teve alta de 44% no TrevPor (R$ 1.574) e 53% no TrevPar (R$ 1.032,00) frente a igual período de 2019.

Já os empreendimentos de interior tiveram retração de 8% no TrevPor (1.657,00), por exemplo. Em julho, agosto e setembro, as quedas foram de 3%, 14% e 9% frente a igual período de 2019. O TrevPar, por outro lado, seguiu movimento positivo observado no setor como um todo, crescendo 15% (R$ 974,00).

Outro dado interessante do estudo está relacionado às férias de julho. No mês, os resorts registraram os mais altos índices de crescimento no trimestre em todos os indicadores analisados (destaque em vermelho abaixo). Ponto positivo para a ocupação (62%), que superou em dois pontos percentuais o resultado de 2019.

Resorts Brasil - Radar Resorts Brasil_infográfico

Mais sobre a pesquisa

O Radar Resorts Brasil é um relatório trimestral que visa fornecer informações relevantes para contribuir com a tomada de decisão nos resorts brasileiros, ajudar no acompanhamento do desempenho dos empreendimentos e ainda colaborar com o desenvolvimento estruturado do setor.

São considerados resorts os hotéis de praia ou campo, sendo 52% da base analisada formada por propriedade independentes. Em 2022, a amostra total do relatório representa aproximadamente 27 unidades, com um total de 10.150 apartamentos.

(*) Crédito da foto: Peter Kutuchian/Hotelier News

(**) Crédito do infográfico: Divulgação/Resorts Brasil