O lazer explodiu esse ano, com resorts em todo país registrando elevada demanda. Agora, será que o segmento de timeshare seguiu esse bom momento? Para sanar essa dúvida, a reportagem do Hotelier News conversou com Fabiana Leite, diretora de Novos Negócios da RCI, principal player global neste mercado.

Para a executiva, não há dúvidas sobre o avanço do timeshare na indústria da propriedade compartilhada. Os fatores que somam para esta evolução são vários, mas Fabiana destaca dois bastante representativos. “O primeiro deles é o desenvolvimento do turismo. Ainda que 2022 tenha chegado com certa insegurança e com inúmeros desafios, tínhamos a expectativa de um ano promissor. Fato que se concretizou porque o brasileiro está buscando novas oportunidades e experiências de férias”, afirma.

“O segundo é a consolidação da nossa indústria da propriedade compartilhada, o que se vê, por exemplo, para além da captação e vendas, na retenção de clientes”, continua a executiva. “Os hoteleiros e os incorporadores estão comprometidos com a entrega de produtos melhores, com benefícios e experiência agregada. É isso que o cliente procura”, pontua.

Na visão de Fabiana, o timeshare é um ótimo gerador de receita para os hotéis e ajuda na sazonalidade. “Para quem quer permanecer com o ativo e quer fidelizar clientes, é o produto ideal, visto que, cada vez mais, os hoteleiros estão preocupados com que esses clientes permaneçam”, complementa.

RCI - Fabiana Leite

Desenvolvimento do turismo ajudou o setor, diz Fabiana

Associações e planos

O bom desempenho do mercado de timeshare pode ser verificado nos dados e resultados da RCI. Nos anos de 2019, 2020 e 2021, a empresa somou cerca de 50 novos afiliados no Brasil. Só em 2022, a rede está encerrando com mais de 20 novos empreendimentos de diferentes regiões e destinos do país integrados ao portfólio. As adições são imprescindíveis para o modelo de negócio, pois aumenta as possibilidades dos viajantes fidelizados.

Fabiana também conta que a empresa monitora a performance de seus clientes (os hotéis afliados) e pode relatar que as vendas aumentaram, embora os números sejam estratégicos para cada empreendimento. “O que podemos informar é que, de acordo com os contratos recebidos das vendas realizadas, estamos 13% acima dos números de 2019”, compartilha a diretora.

Com isso, a diretora tem certeza de que o crescimento do segmento deve seguir em alta, como vem acontecendo nos últimos anos. “A propriedade compartilhada continuará crescendo de maneira orgânica e isso eu reforço com o histórico estatístico de que a média de crescimento anual na América Latina está entre 5% e 7% nos últimos 10 anos”, informa. “Para os próximos anos, visualizamos a expectativa de crescimento com a mesma tendência”, garante a executiva.

Estudo interno anual da RCI revela também que a América Latina registrou receita de US$ 7,7 bilhões em 2019 e US $7,5 bilhões em 2021 – pequena queda por conta da dependência do Caribe do viajante estrangeiro. “Para efeitos de comparação, o mesmo estudo mostrou que o Brasil foi responsável por US$ 900 milhões, em 2019, e quase US$ 1 bilhão em 2021, um crescimento de quase 10%”, mostra Fabiana.

O Relatório Cenário do Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil 2022, da Caio Calfat Real Estate, citado por Fabiana, também apresenta evolução do segmento. De abril de 2021 a abril de 2022 foram 28 novos empreendimentos, com destaque para Santa Catarina, com oito novos projetos em 2022. Com isso, o Brasil conta com 156 multipropriedades no total, alta de 21,88% em relação ao estudo anterior, de 2021.

Na visão de Fabiana, um dos principais fatores que influenciam este resultado é que 97% dos usuários são brasileiros, ou seja, nosso país gera oportunidade e demanda. “Além disso, nossa indústria é conhecida por oferecer acesso à destinos ao usuário final, onde o consumidor garante suas férias no futuro, de forma mais acessível do que comprar um apartamento inteiro e até em diferentes lugares do mundo, por meio do intercâmbio dos programas de férias”, explica a executiva.

Perspectivas

Fabiana está certa de que a indústria de propriedade compartilhada está madura e consolidada e que os fatores aqui apresentados vão impulsionar ainda mais esse crescimento. “O mercado latino-americano continua promissor e em crescimento. Em relação ao Brasil, nós queremos, cada vez mais, apresentar mais opções de destinos em uma oferta de produtos diferenciados, focados na experiência, que é a grande demanda do viajante”, conta a executiva.

“A indústria da propriedade compartilhada está em expansão, desenvolvida e respaldada para o investidor e para o usuário. O mercado está receptivo para novos entrantes e quem não está no mercado ainda, precisa olhar com atenção”, finaliza Fabiana.

(*) Crédito das fotos: Divulgação