O mundo das viagens corporativas está passando por transformações significativas à medida que as empresas se adaptam ao contexto pós-pandemia. Já estava claro, no meio de 2021, que o padrão das viagens a negócios mudaria drasticamente conforme as restrições advindas do vírus diminuíssem, restava saber como essa mudança se daria. 

Antes da Covid-19, Roberto Cortes, presidente e CEO da Volkswagen Truck and Bus, frequentemente acumulava milhas aéreas, realizando cerca de 30 viagens por ano do Brasil à Europa, muitas delas “bate-e-volta” para a Alemanha. Cortes chegou a dar a volta à Terra em distância percorrida em voos, conforme entrevista cedida pelo executivo à Bloomberg Línea.

Essa rotina intensa tem sido reduzida, à medida que as empresas reavaliam a necessidade de viagens presenciais em um mundo cada vez mais digital. Enquanto no passado era comum pegar voos de 15 horas para reuniões que durariam três, agora, é preferível que tais encontros sejam realizados por plataformas online, como o Zoom

Apesar da diminuição do número de viagens, o faturamento do setor se recuperou para os níveis pré-pandemia. De acordo com a Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas ), em agosto, o volume de viagens aéreas domésticas estava 13% abaixo do mesmo mês de 2019, enquanto o faturamento aumentou 16,5%.

Essa discrepância indica uma mudança nas preferências de transporte, com mais empresas optando por viagens terrestres em trechos mais curtos. A demanda por locação de veículos também cresceu significativamente, sugerindo que as companhias estão migrando do transporte aéreo para o terrestre em algumas de suas viagens corporativas. Esse movimento é impulsionado, em parte, pelo aumento das tarifas aéreas, que tornam a locação de carros uma opção mais atraente.

Sustentabilidade em cena

Além de pesar os valores de passagens aéreas e hospedagens, as empresas também estão cada vez mais conscientes sobre a necessidade de diminuir a emissão de gases de efeito estufa. 

A consultoria KPMG, por exemplo, revisou sua política de viagens corporativas após a pandemia. “A pandemia veio e mudou tudo. De forma geral, o que vemos no mercado e na conjuntura da KPMG como um todo é que as despesas com viagens reduziram bastante”, afirmou Luciene Magalhães, sócia líder de Capital Humano da companhia.

A executiva lembra ter feito inúmeras viagens de São Paulo a Belo Horizonte para reuniões de apenas uma hora. “Isso acabou sendo abolido da nossa pauta por diversas razões. A tecnologia permite fazer esses encontros virtualmente. Além disso, precisamos nos adequar às demandas de descarbonização”, complementa.

Por outro lado, a demanda por congressos e eventos de integração de equipes tem aumentado, especialmente para destinos com apelo natural. Isso reflete uma mudança nas prioridades das empresas, que agora estão dispostas a investir em eventos que promovam o trabalho em equipe e a integração dos funcionários.

(*) Crédito da foto: prostooleh/Freepik