A diversidade é um dos pontos-chave da agenda ESG e muitas redes hoteleiras vêm tomando iniciativas para contribuir nesse esforço coletivo. O ritmo, porém, está longe de ser o suficiente. Além das disparidades salariais, as mulheres ocupam apenas 7% dos cargos de presidência e CEOs na indústria do lazer ao redor do mundo. Os dados são do relatório Os números por trás das mulheres na liderança: Lazer, realizado pela empresa de consultoria privada Aptamind Partners e apoiado pelo WTTC (Conselho Mundial de Viagens e Turismo).

A pesquisa, baseada em dados publicados por grandes grupos hoteleiros, cassinos e empresas de entretenimento, revela que a diferença de gênero aumenta conforme se chega mais próximo ao topo. De um equilíbrio geral de 50% na força de trabalho da indústria de lazer, a porcentagem de mulheres cai para 42% na gerência de nível médio e 33% na gerência sênior. No nível executivo, o percentual chega a 20%, caindo para 7% no topo. 

Ainda que o número de executivas do sexo feminino tenha apresentado alguma melhora, isso não se reverteu em mais mulheres em cargos de liderança máximos. No Brasil, temos exemplos como Flávia Lorenzetti, CEO da B&B Hotels; Chieko Aoki, CEO da Blue Tree Hotels; e Gabriela Schwan, CEO da Swan Hotéis, muito embora sobre lideranças femininas em média gerência. Contudo, o relatório revela que a mudança é possível, visto que o percentual de mulheres nos conselhos de empresas de lazer cresceu de 17% em 2008 para 28% em 2022.

“Embora algum progresso tenha sido feito nos últimos dois anos, ainda há muito trabalho a ser feito”, pontua Aradhana Khowala, CEO da Aptamind Partners e autora do relatório. “Precisamos de uma mudança total na maneira como pensamos e falamos sobre gênero e liderança. E precisamos ir além de iniciativas bem-intencionadas e exercícios de marcação de caixas e começar a tomar medidas concretas para corrigir o atual desequilíbrio”, complementa.

Medidas

Para tomar qualquer decisão prática, é essencial entender o problema com maior clareza. Todavia, como aponta Aradhana, uma das principais barreiras para melhorar a diversidade de gênero é a falta de dados perspicazes e robustos no domínio público. “Não podemos esperar mais que o arco da história se incline para o lado certo por conta própria. Precisamos avaliar onde estamos para que possamos avançar juntos com uma ação coletiva e concertada”, completa.

O relatório, que é o primeiro de uma série de quatro publicações que analisam a presença feminina em cargos de alto nível no setor de viagens e turismo, apresenta seis etapas para solucionar a questão. Entre eles está a realização de relatórios regulares e melhor divulgados, verificação e regulamentação independentes, além do incentivo e responsabilização da liderança pelo progresso da diversidade de gênero.

“Esta questão vai além da equidade e justiça. As empresas precisam se responsabilizar para garantir que o progresso seja feito ao longo do tempo”, afirma Julia Simpson, presidente e CEO do WTTC. “Colocar as mulheres no centro do palco de Viagens e Turismo garantirá um futuro melhor para o setor”, finaliza.

(*) Crédito da foto: Mapbox/Unsplash