Após mostrar os desafios do setor hoteleiro no Amazonas, esta semana o Hotelier News chega a outro estado do Norte do país. Destino dono de uma gastronomia característica e paisagens singulares, o Pará aponta como local de diferentes facetas, públicos e momentos.

A diferenciação se dá pelos tipos de turismo que existem no estado. “O turismo de negócios representa mais de 90% das demandas. Num primeiro momento, tudo foi impactado. Sendo a capital, Belém, a mais prejudicada. No interior, devido a grandes projetos de mineração em alguns municípios, a retomada está sendo mais rápida. Já os hotéis de praia também estão tendo um retorno lento”, contextualiza Tony Santiago, presidente ABIH-PA (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará).

O presidente explica ainda que as regiões mais privilegiadas são as praianas, onde a procura mesmo com restrições de viagens em geral, continua grande. Outras localidades beneficiadas são as do agronegócio e mineração.

Desta forma, algumas regiões sentem mais o impacto da pandemia do que outras. Segundo Rui Fernando Serpa de Medeiros, gerente sênior de operações da Atrio Hotel Management, locais como o Baixo Amazonas foram os mais afetados, em virtude da sua proximidade com o estado vizinho. “Já a Região de Carajás, onde está localizado o ibis Styles Parauapebas, teve seu turismo impactado apenas no auge da pandemia, de abril a julho de 2020, quando houve lockdown e a paralisação dos voos comerciais”, indica o gerente. “Mas sua recuperação está se dando de forma mais contínua, isso em virtude da mineração, seu principal fator econômico, ter sido incluída como atividade essencial e não precisou parar”, complementa.

Pará - Tony

                                   Santiago: Belém foi a região mais prejudicada do estado

Pará: as dificuldades da capital

Com três unidades na capital (Mercure Belém Boulevard, ibis Styles Belém Nazaré e ibis Styles Belém Batista Campos), a Atrio vive um momento diferente na região. Sob o regimento da bandeira laranja, Belém encontra mais barreiras para efetivar dar força à retomada. “Principalmente o turismo de eventos, culturais e religiosos. O corporativo vem dando leves sinais de melhora, observado pelo número maior de representantes comerciais”, complementa Medeiros.

Sendo assim, das quatro unidades, somente o Mercure Belém Boulevard não suspendeu sua operação. “Aproveitamos o momento para suspender as atividades dos ibis Styles Belém Nazaré e ibis Styles Belém Batista Campos e reformá-los, com previsão de reabertura em março deste ano. O ibis Styles Parauapebas suspendeu suas operações de 1º de abril a 12 de julho”, divide o gerente.

Segundo Medeiros, os hotéis ainda buscam recuperar a ocupação, com uma retomada que chama de desafiadora. “A média em Parauapebas foi de 50% de ocupação. Já na capital, a média de 2020 foi de 30%. No momento da retomada não havia nenhum decreto estadual ou municipal que restringisse o número de quartos ocupados, assim, voltamos com 100% da capacidade”.

Pará - Rui

                                         Atrio aproveitou a paralisação para promover reformas

O nicho da mineração

Usufrui do bom momento do turismo de negócios a Pumma Hotels, que na contramão da pandemia, aproveitou para investir e abriu um novo empreendimento. A rede até chegou a sentir um primeiro impacto, entre abril e maio, quando a malha aérea foi reduzida. “No entanto, em comparativo com o cenário nacional, nós fomos os últimos a cair e a primeira a se reerguer. Em agosto e setembro já estávamos praticamente na normalidade de ocupação. Voltamos muito fortes e muito rápido”, comenta Rafael Grecco, sócio-administrador da empresa.

A decisão de abrir mais um hotel veio da percepção de uma nova oportunidade com um público crescente da mineração. “A Vale está em franca expansão e a região é uma das mais aquecidas. Então, a perspectiva para 2021 é muito boa. Até esse novo negócio que fechamos já foi pensando na demanda que seria revertida para este ano. Fomos corajosos de fazer um negócio no auge da pandemia, mas também projetando esse futuro, porque 2021, 2022 tende a ser muito bom”, analisa Grecco.

Segundo o executivo, os hotéis Pumma hoje representam 50% do inventário da cidade, somando 143 apartamentos. “O Pumma ainda mira uma possível ampliação na região e também o estado de Goiás como um futuro destino para expansão da rede”, adianta.

O perfil do executivo

Devido à presença da Vale na região, os hotéis Pumma recebem um nicho muito específico, cenário que não mudou durante a pandemia. “O hotel atende um alto escalão dos profissionais que vem pra cá. Uma demanda executiva mais exigente, classe A e B. O público permaneceu o mesmo, executivo. Dentro desse escopo, recebemos mais famílias em processo de mudança, mas todos de uma forma ou de outra estão aqui a trabalho”, comenta.

Movimento semelhante aconteceu na Atrio, que manteve seu perfil de hóspedes majoritariamente corporativo. “O público que procura os nossos hotéis é o mesmo do período pré-pandemia, mas com o acréscimo dos profissionais da área da saúde. Estes hóspedes chegam com preocupações adicionais, relacionadas aos protocolos que o hotel possui em relação ao coronavírus”, finaliza Medeiros.

(*) Crédito da capa: Jader Paes/Agência Pará

(**) Crédito das fotos: Divulgação